quarta-feira, 20 de julho de 2011


MEU TEMPO É HOJE : PAULINHO DA VIOLA
Categorias
Longa-metragem / Sonoro / Não ficção

Material original
35mm, COR, 83min, 24q, Dolby Digital, 1:1'85


Data e local de produção
Ano: 2002
País: BR
Cidade: Rio de Janeiro
Estado: RJ


Sinopse
"O documentário é um perfil afetivo do cantor, instrumentista e compositor. O filme mostra seus mestres e amigos, suas influências musicais e percorre sua rotina discreta e muito peculiar, em suas atividades e hábitos desconhecidos do grande público." (FBR/37MFB)

Gênero
Documentário
Dados de produção

Companhia(s) produtora(s): Videofilmes
Financiamento/Patrocínio: Brasil Telecom
Direção de produção: Bruno, Beto
Produção executiva: Ramos, Maurício Andrade
Coordenação de produção: Zangrandi, Raquel Freire
Argumento: Ventura, Zuenir
Roteirista: Jaguaribe, Izabel; Ventura, Zuenir; Ventura, Joana
Direção: Jaguaribe, Izabel
Direção de fotografia: Zangrandi, Flávio
Som direto: Compasso, Aloysio
Edição: Ventura, Joana; Jaguaribe, Izabel
Direçãoo de arte: Duarte, Kiti
Música de: Viola, Paulinho da; Batista, Wilson e Batista, José; Pixinguinha; Barro, João de e Ribeiro, Alberto; Viola, Paulinho da; Viola, Paulinho da; Viola, Paulinho da e Casquinha; Medeiros, Elton e Cartola; Viola, Paulinho da; Monarco; Monarco e Santana, Francisco; Pecadora, Joãozinho da e Cavaco, Jair do; Viola, Paulinho da; Viola, Paulinho da e Costa, Fernando; Viola, Paulinho da; Viola, Paulinho da e Medeiros, Elton; Viola, Paulinho da; Viola, Paulinho da; Viola, Paulinho da; Viola, Paulinho da; Viola, Paulinho da; Viola, Paulinho da; Viola, Paulinho da; Dunga; Viola, Paulinho da e Natureza, Sérgio; Rosa, Noel; Diniz, Marcos e Jacarezinho, Barbeirinho do; Viola, Paulinho da; Gordurinha; Rocha Sobrinho, José Carlos da e Silva, Anatalício Rodrigues da; Viola, Paulinho da; Viola, Paulinho da;

FOR ALL : O TRAMPOLIM DA VITÓRIA
Categorias
Longa-metragem / Sonoro / Ficção

Material original
35mm, COR, 95min, 24q, Dolby


Data e local de produção
Ano: 1997
País: BR
Cidade: Rio de Janeiro
Estado: RJ


Sinopse
1943, Segunda Guerra Mundial. Litoral do nordeste brasileiro, região estratégica para os aliados. Em Parnamirin Field, os EUA constróem a maior base militar fora de seu território. Cria-se uma nova casta: a dos privilegiados que falam inglês. Nesse ambiente se passa a história de Giancarlo, imigrante italiano, que não esconde sua admiração por Mussolini; de sua mulher Lindalva, nordestina, doceira famosa, que intensifica seus sonhos de ascensão social com a chegada dos americanos e de seus filhos, Iracema, 20 anos e Miguel, 16 anos.

Gênero
Comédia
Prêmios

Melhor filme; Melhor filme do juri popular; Melhor roteiro; Melhor direção de arte e Melhor música no Festival de Gramado, 25, 1997, RS..
Melhor Filme no Festival de Miami.



Dados de produção

Companhia(s) produtora(s): Bigdeni Filmes do Brasil; Skylight Cinema e Vídeo
Financiamento/Patrocínio: Shell; Sal de Frutas Eno; Brahma; TAM
Produção: Stroppiana, Bruno; Ranvaud, Donald; Lacerda, Luiz Carlos
Co-produção: Ferraz, Hélio Paulo
Direção de produção: Zagallo, Fernando
Produção executiva: Schwartz, Tuinho
Companhia(s) distribuidora(s): Columbia Tristar Film Distributors Internacional INC
Roteirista: Assis, Joaquim; Lacerda, Luiz Carlos; Ferraz, Buza
Direção: Lacerda, Luiz Carlos; Ferraz, Buzá
Coreografia: Martins, Marina
Direção de fotografia: Gonçalves, Guy
Câmera: Hadba, Gustavo
Som direto: Saldanha, Jorge
Montagem: Diniz, Ana Maria
Montagem de som: Cox, Carlos
Direçãoo de arte: Meyer, Alexandre
Cenografia: Riba, Tereza
Figurinos: Carneiro, Marília; Elias, Reinaldo
Música original: Tygel, David
Música de: Tygel, David, Maestro, Maurício, Silva, Abel; domínio público; Babo, Lamartine; Martins, Herivelto, Gomes, Waldemar; Babo, Lamartine; Nesdan, Ubirajara, Teixeira, Afonso; Gordurinha, Castilho, Almira; Brown, L., Timm, W.A., Vejvoda, J., Zeman, V.; Berlin, Irving; Hill, Bill; Gershwin, George - IRA, Carter, Desmond; Osser, Edna, Goetschius, Marjorie; Puccini, Barbirolli; Stordah, Axel, Weston, Paul, Cahn, Sammy;
Identidades/elenco:
Wilker, José
Faria, Betty
Junqueira, Caio
Gorgulho, Paulo
Svane, Erik
Lippiani, Alexandre
Cláudia Netto
Mamberti, Cláudio
Celulari, Edson
Cartaxo, Marcélia
Mauro, Cláudia
Abdala, Catarina
Beranrt, Isaac
Rippol, Axel
Paz, Ana Elisa
Portella, Glória
Oliveira, Mariana de
Jardym, Marcos
Campos, Marco Antônio
Ranvele, Soraya
Vallor, Fabiana
Silva, Luis Sérgio Lima e
Orofino, Raul
Moraes, Luiz Octavio
Picado, Guaracy
Ferreira, Carlos
Lobo, Fernanda
Wandel, Randy
Netherlaand, Marshall
Jaques, Priscila
Monteiros, Márcia
Belchior, Luciana
Prata, Fernanda
Almeida, Camile
Cardoso, Sandro
Figueira, Cláudio
Hernandez, Gilberto
Apresentando Tourinho, Luiz Carlos; Bonatto, Flávia; Duarte, Daniela; Barros, Alexandre
Participação especial Cardoso, Louise; Latorraca, Ney; Byington, Bianca; Vilella, Diogo; Breda, Marcos; Ferraz, Buza; Picollo, Ernesto; Monteiro, Caco; Martins, Felipe; Borges, Ana; Reis, Paulo; Guindame, Sílvio; Souza, Selma Bezerra de; Cavalcante, Ney; Bezerra, José; Rosendo, Abraão Lincon; Torres, Crésio [dublado(a) por Paraventi, Charles]
Motta, Luis Feier]
Narração Paraventi, Charles

RICO RI À TOA - (1957)
RICO RI À TOA
Categorias
Longa-metragem / Sonoro / Ficção

Material original
35mm, BP, 110min, 2.740m, 24q, Dupont


Data e local de produção
Ano: 1957
País: BR
Cidade: Rio de Janeiro
Estado: DF


Certificados

Censurado em 18.08.1957, 15 cópias, 3.028m.Recensurado em 28.03.1958, 6 cópias, 16mm, 35m, trailer.Recensurado em 28.03.1958, 6 cópias, 16mm, 930m.Recensurado em 31.08.1964, 1 cópia, 2.768m.Recensurado a 31.08.1964, 14 cópias, 82m, trailer.


Data e local de lançamento


Sinopse
Um chofer de praça ganha o prêmio da loteria. Como rico, porém, ele fica deslocado do mundo e passa a sofrer uma série de situações constrangedoras.

Gênero
Comédia
Dados de produção

Companhia(s) produtora(s): Brasil Vita Filmes S.A.
Produção: Seabra, Murilo
Direção de produção: Farias, Riva
Produtor associado: Farias, Roberto; Castilho, Claudio
Companhia(s) distribuidora(s): Unida Filmes S.A.
Argumento: Farias, Roberto; Farias, Riva
Roteirista: Farias, Roberto; Farias, Riva
Direção: Farias, Roberto
Direção de fotografia: Landini, Juan Carlos
Câmera: Azevedo, Gilberto
Cinegrafista: Azevedo, Gilberto
Direção de som: Muniz, Celso
Montagem: Alice, Mauro
Cenografia: Evangelista, Darcy
Música (Genérico): Sivuca
Identidades/elenco:
Trindade, Zé
Ferraz, Violeta
Camargo, Armando
Chiozzo, Silvinha
Correa, Apolo
Marçal, Evilázio
Rio, Evelyn
Terras, Domingos
Louzada, Oswaldo
Tiririca
Montel, Arnaldo
Labanca, João
Macedo, Zezé
Nascimento, Armando
Silveira, Mozael
Cunha, Roque da
Procopinho
Azevedo, Gilberto
Pinto, Herlon
GordurinhaFerreira, Jaime
Almeidinha
Schlle, Frederico
Jaime Filho
Alves, Miguel
Hervolino, Wilson
Mattos, Scilia
West, Ita
Roberto, Clovis
Moura, Yolanda
Gilberto, Luiz
Gonzaga, Zé
Veiga, Jorge
Duran, Dolores
Marinês e sua gente
Italo



TITIO NÃO É SOPA
Categorias
Longa-metragem / Sonoro / Ficção

Material original
35mm, BP, 84min, 2205m, 24q, Westrex


Data e local de produção
Ano: 1960
País: BR
Cidade: Rio de Janeiro
Estado: DF


Certificados

Certificado de Censura Federal n.5001 de 02.02.1960, 20 cópias, livre.Censurado em 02.02.1960, 30 cópias, 85m, trailer.Censurado em 02.02.1960, 10 cópias, 882m, 16mm.Censurado em 02.02.1960, 10 cópias, 16mm, 35m, trailer.


Sinopse
O advogado Luiz se despede da família que vai em férias para Poços de Caldas. Ele é muito amigo de Paulo, um músico e dono da boate "Casablanca", montada com o dinheiro que o tio Gregório lhe mandou para a construção de um abrigo de idosos. Paulo, que deveria ter a profissão de corretor de imóveis, fica apavorado quando Luiz lhe entrega uma carta de Gregório comunicando que virá ao Rio com Verinha. Ele faz um acordo com o amigo que, por 10 p.cento da herança do tio rico, passará por dono da boate. Gregório quer verificar as obras do abrigo. Julie, namorada de Paulo, o chama ao telefone para surpresa de Vera. Como desculpa, ele diz que é uma possível compradora de um apartamento. Numa obra, ele acerta com Azevedo para que ajude na farsa da obra do abrigo. Na boate, Julie trama com o amante para que Paulo assine alguns papéis que lhe permitam entrar de posse na boate. Para surpreza de Paulo, ele se encontra com Vera na boate; ela diz que não contará nada ao tio desde que possa se apresentar ali. Julie chega neste momento e chantageia o namorado, dizendo que vai contar tudo ao tio. Paulo leva Gregório em visita à obra, sendo ajudado na farsa pelo mestre de obras, Azevedo. Amaro, sogro de Luiz, volta ao Rio para resolver um negócio interrompido. Gregório o manda para a cozinha, onde Luiz se passava por mordomo. Paulo e Vera chegam à casa depois do ensaio, sendo que Paulo estava arrependido pelo que tinha feito com o dinheiro do tio. Gregório vai até a obra sem Paulo, e diz ao engenheiro que deseja ampliar uma parte da construção. O engenheiro o toma por louco e explica que a obra é uma fábrica de biscoito. Azevedo confirma o engodo. Gregório descobre então a verdade sobre Paulo ao ligar para a boate. O tio vai disfarçado como o americano Charles até a boate e pede ao garçom para conhecer os donos, já que está disposto a comprar o local. Vera e Paulo trocam beijos no camarim, enquanto ele se mostra mais uma vez arrependido. Gregório sai para receber informações de um detetive sobre Paulo e Julie e não volta para o almoço. Todos ficam preocupados. À noite chega Gregório disfarçado de Charles. Durante a conversação, Gregório revela sua personalidade verdadeira e perdoa o sobrinho. Luiz e Amaro o cumprimentam pela bondade e o primeiro retoma sua posição de dono da casa. O filme termina com a perseguição de Luiz e Amaro, fantasiados para o baile do Bola Preta, pela esposa e filha que retornaram de viagem. (resumo do material examinado)

Gênero
Comédia
Dados de produção

Companhia(s) produtora(s): Cinedistri Ltda.
Produção: Massaini, Oswaldo
Direção de produção: Ramos, Alípio
Produtor associado: Ramos, Alipio; Ramos, Eurídes
Companhia(s) distribuidora(s): Cinedistri Ltda.
Argumento: Ramos, Eurides; Lima, Victor
Autoria:
Roteirista: Ramos, Eurides; Lima, Victor
Estória: Baseada na peça teatral de
Direção: Ramos, Eurides
Coreografia: Nogueira, Helba
Direção de fotografia: Barrozo Netto, Hélio
Câmera: Gonçalves, Antonio
Direção de som: Gomes, Antonio
Montagem: Barrozo Netto, Hélio; Monteiro, Wilson
Cenografia: Macedo, Benedito; Carias, Paulo
Identidades/elenco:
Ferreira, Procópio
Macedo, Eliana
Lupo, Ronaldo
Rossano, Herval
Montez, Nancy
Stuart, Afonso
Policena, José
Moema, Grace
Guimarães, Zélia
Morais, Sonia
Carvalho, Rafael de
Grijó Sobrinho
Carvalho, Paulo de
Mello, Angelito
Gomes, Delfim
Ivantes, Azelita
Mazzei, Luis
Chiquinho

FILMOGRAFIA DE GORDURINHA



A GRANDE VEDETE
Categorias
Longa-metragem / Sonoro / Ficção

Material original
35mm, BP, 97min, 2.662m, 24q, Eastman, 1:1'37


Data e local de produção
Ano: 1958
País: BR
Cidade: Rio de Janeiro
Estado: DF


Certificados

Certificado de Censura de 01.07.1958, 25 cópias, 90m, 35mm.Certificado de Censura de 11.07.1958, 20 cópias, 2600m, 35mm.


Sinopse
Janete, outrora uma grande vedete, ainda acredita ter fama e beleza. Apaixona-se por Paulo, autor de revistas, e pensa que pode interpretar sua nova peça. Ninguém quer contrariá-la, mas Janete descobre o equívoco, cai de uma escada e exige a namorada de Paulo como substituta. A peça faz enorme sucesso e, ao final do espetáculo, o público exige a presença de Janete, consagrando-a definitivamente.

Gênero
Comédia
Dados de produção

Companhia(s) produtora(s): Produções Watson Macedo
Produção: Macedo, Watson
Direção de produção: Souza, Elias Lourenço de
Produtor associado: Massaini, Oswaldo; Laranja, Alberto
Gerente de produção: Carvalho, Arnóbio
Companhia(s) distribuidora(s): Cinedistri - Produtora e Distribuidora de Filmes do Brasil
Argumento: Macedo, Watson
Roteirista: Macedo, Watson
Direção: Macedo, Watson
Coreografia: Carijó; Bambi
Direção de fotografia: Pagés, Mário
Câmera: Gonzalez, Adolfo Paz
Direção de som: Salivero, Spiros
Montagem: Macedo, Watson
Edição: Macedo, Watson
Cenografia: Macedo, Watson; Moura, Eolo C.
Figurinos: Motta
Identidades/elenco:
Gonçalves, Dercy
Herbert, John
Marcel, Marina
Catalano
Macedo, Zezé
Moreno, Francisco
Leite, Ferreira
Terra, Domingos
Almeidinha
Cunha, Roque da
Magalhães, Terezinha
Camargo, Luiza
Sylvio Junior
Dias, Heitor
Nélio, Aldo
Murilo, Sergio
Leite, Lindberg
Piragibe, Roberto
Mafra, José
Costa, Alvaro
Almeida, Luiz
Mello, José
Nunes, Waldir
Soares, José
Andrade, Cezar
Garcia, Antonio
Schiller, Frederico
Participação especial Trio Irakitan

sábado, 16 de julho de 2011

GIL E GORDURINHA

Em apresentação, Gil repudia composições
MARCELO RUBENS PAIVA
Articulista da Folha de S.Paulo

No show histórico que Gilberto Gil fez na Universidade de São Paulo em 1973, que está sendo registrado em três CDs remasterizados por Paulo Tatit, ele repudia composições antigas num surpreendente desabafo. Após tocar "Procissão", o cantor comenta:

"É o exemplo de como o novo pode ser velho. Essa música é velha, ingênua, incorreta, faz colocações que eu não faria hoje. O verso 'só acho que ele [Jesus] se esqueceu de dizer que a gente tem de arrumar um jeitinho de viver' é um erro meu, provocado pela falha, uma ansiedade minha de servir, de denunciar".

Quando um estudante grita para ele tocar "Roda", Gilberto Gil interrompe:
"É outra canção maniqueísta que repudio. Eu estava engajado, como em 'Louvação'. Não as rejeito, passei por ali. Só que hoje estou além. Ou aquém. São músicas incorretas. A realidade hoje é outra. São idealistas, não são objetivas. Se não pode dizer a verdade hoje, não diga".

A platéia insiste para ele cantar "Domingo no Parque". Ele acaba cedendo. Mas, ao final, diz:

"É uma música belíssima, mas foi um equívoco a utilidade dela como instrumento de transformação. Isso fica ineficaz de repente, não representa mais o que representou. Continua poeticamente forte, mas enquanto instrumento politico é perecível. É nisso que vocês, como eu, precisam estar muito atentos".

Gil até então tinha cinco LPs gravados. Voltava de um exílio forçado. Abriu o show com uma versão de mais de 11 minutos de "Oriente": "Vim aqui porque os meninos me pediram, sabe como é. Fiz uma escolha de músicas para cantar seguindo um critério meio absurdo".

Ele toca sambas de Gordurinha, Caco Velho e Germano Mathias. A platéia pede "Cálice".

Gil diz que não se lembra da letra. Alguém da platéia lhe oferece um recorte com a letra.

Um estudante interrompe: "Posso fazer uma pergunta? A gente sabe que toda manifestação artística existe dependendo do que tem ao redor".

Gil não concorda e diz que elas existem independentemente de tudo. Quando o estudante é vaiado, Gil pede: "Afaste dele esse cálice". É nesse momento que diz a frase que ficou marcada na memória dessa geração:

"Procuro pelo menos fazer o que acho que posso fazer e o que devo fazer. Como numa corrida de obstáculo, se não dá para passar por cima, passa por baixo".

Cantando "Expresso 2222", ele improvisa: "Tudo tem dois lados, tudo certo, tudo errado, 2222, felicidade vem depois".

Ele canta ainda seis minutos de "Objeto Sim, Objeto Não", pergunta quem já viu disco voador e diz que viu um na Bahia: "Tanto faz crer ou não. Se existe, ótimo, se não existe, também".

Gil canta ainda nove minutos de "Duplo Sentido" e encerra com rocks como "Back in Bahia", que ele chama de "Aquele Abraço às Avessas

terça-feira, 12 de julho de 2011

GORDURINHA E SEUS DIREITOS AUTORAIS



A impressão que a querida e livre imprensa nos passa é de estar contra um dos grandes gênios da música popular, Gordurinha, ou Waldeck Artur foi um gênio não reconhecido e desprezado a elite musical. O que mais me choca é o fato de a imprensa atual cheia de recursos para consulta como a internet se manter calada diante de fatos relevantes.
Algumas musicas de Gordurinha continuam sendo creditadas a outros cantores, creditadas por profissionais da arte e por leigos que publicam em sites, blogs, e na vasta imensidão da internet, que parece ser incontrolável e sem punições por seus erros.
Vou citar aqui algumas das musicas que Gordurinha fez e como ele mesmo dizia, algumas de suas músicas fizeram um pouco de sucesso, tais como:
Chicletes com Banana que insistem em chamar de Chiclete com Banana
Suplica Cearense em que insistem creditar a Luiz Gonzaga
Entre outros sucessos estão Mambo da Cantareira, Vendedor de Carangueijo, Vendedor de Biscoitos, Baiano Burro Nasce Morto, Carta a Maceió, Orora analfabeta, Oito da Conceição, entre outros.
Então eu me pergunto e pergunto a vos caro leitor, porque a imprensa insiste em esquecer Gordurinha.
Eu imagino se fosse Gordurinha escrevendo esse texto ele escreveria mais ou menos assim:

Sentado em um banco na praça de seu Ferreira, em Quixeramobim no Ceará, mastigando chicletes com banana, escrevendo uma Carta a Maceió, ou assistindo um jogo entre SP x RIO, vendo a chuva castigar o Ceará, logo fará uma Suplica Cearense, comprando Carangueijo de um Vendedor, que é casado com uma Orora Analfabeta, que mora em Ipanema, mas vai de Mambo da Cantareira. De repente fazendo uma Prece Para os Homens Sem Deus, até mesmo pedindo para tenente bezerra pra sair da cadeia da vila, e viajar de avião.
Bom... Como dizia Gordurinha... eu não sou de nada só canto Baião
Chamo-me waldeck Luiz (Gordurinha Neto), sou neto de Gordurinha deixo aqui registrado minhas palavras e indignação por um artista talentoso e esquecido, onde em seus 42 anos de morte foram esquecidos e ainda é usurpado seu direito de reconhecimento a sua obra, grandiosa, onde nos mostra a cultura Brasileira e a história do Brasil em suas canções. Para não ser injusto vou tentar fazer juz aos grande que foram nobres a obra de meu avo ,como: Gilberto Gil , Fagner , Trio Nordestino , Genival Lacerda , Sergio Reis , Clara Nunes, Zé Ramalho, Elba Ramalho, Wanderley, Venâncio e Corumba, Ary Lobo , me perdoem se não citei todos os que gravaram as musicas de meu avo, foram tantos, mas graças a vocês , meu avo ainda é lembrado. O Roberto Torres que escreveu a biografia de Gordurinha, a Elizabeth Nogueira que em seus blogs sempre menciona Gordurinha, e ao meu amigo Edmar Correa, jornalista e compositor, e grande divulgador da obra de Gordurinha.
Aqui deixo registrado meu agradecimento às emissoras que, mandei e-mails para render homenagens a Gordurinha na data de seu falecimento, e as respostas que vocês não me deram, muito obrigado de Gordurinha Neto.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Trio Caruá - Quixeramobim -uma raridade de Gordurinha

Onde é que tem uma redinha muito boa Pra depois do almoço agente descansar E tem buchada feita com bucho de bode E tem pagode, mode agente se espalhar É em Quixeramobim, Pois Quixeramobim é lá no meu Ceará Ai meu irmão, ai meu irmão Tem jeito não, pode mangar de mim Mais saudade da molesta do meu Quixeramobim Já to cansado de ver arranha-céu To ficando doido de ver tanta confusão Mais eu não troco, não troco Quarenta colchões de mola por uma rede não

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O INJUSTIÇADO MESTRE GORDURINHA

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Gordurinha fez as músicas, Jackson levou a fama. Waldeck Artur de Macedo ganhou este apelido estranho como ironia por sua magreza, e ao fazer sucesso com músicas bem humoradas, ficou com fama de compositor/humorista, o que só prejudicou. Não que o Jackson não fosse compositor também. Mas foi sua performance que o eternizou, fundada numa escolha de repertório tão perfeita que parecia às vezes ser toda de um autor, enquanto Gordurinha permanece ainda hoje à sua sombra.

Gordurinha não foi levado a sério em vida como deveria, em boa parte por preconceito com sua condição de nordestino. Não era apenas autor de músicas engraçadas – Luiz Gonzaga confessava sua inveja por não ser autor da Súplica Cearence -, mas mesmo quando usava de graça, era ferino e sabia ser bem direto – até para reagir a este preconceito. Não é à toa que um de seus baiões tem como título Baiano burro nasce morto, e em outro ele tenha saído com estas afirmações tremendas de orgulho e altivez:



Vim da Bahia pro Rio de Janeiro
Pra ganhar dinheiro
Desaforo não
Pau de arara é a vovozinha
Eu só viajo é de avião



em Chicletes com Banana ( nome correto da música ) o que Gordurinha faz é deixar para trás este debate antes mesmo de ele começar. A gravação de Jackson é exatamente de 1959, enquanto a Bossa Nova gestava a estilização do samba tradicional nos apartamentos da Zona Sul carioca.




A gravação de Jackson… é puro Jackson. Samba na acepção ampla de Jackson, o samba que se espalhou pelo Brasil sob diferentes denominações influenciando manifestações culturais várias e sendo por sua vez modificado por elas, adquirindo sotaques e malemolências diversas. Para Jackson, samba é, entre outras coisas, coco. E coco é samba. Jackson mistura o bom humor e a ironia da canção à sua própria, como quem bate um papo ou conta um caso, ao mesmo tempo que quebra tudo no rítmo.


Salto para 1972. Gilberto Gil regrava Chicletes com Banana em seu álbum Expresso 2222. Formação instrumental: violão, guitarra, baixo, piano e celesta, bateria e percussão.




As contraposição das duas gravações parece, à primeira vista, estabelecer um panorama antes / depois da tremenda discussão da formação da MPB, via Bossa Nova e Tropicalismo. O que Gil faz é trazer para o arranjo e a interpretação tudo o que a letra diz no futuro, explicitando o fato consumado: a profecia se realizou. Gil faz scat singing sobre um arranjo que mistura cuidadosamente – e de forma nem tão natural – o samba e o jazz, mais até do que o rock e o boogie-woogie citados na letra, e após a exposição da primeira vez, canta as repetições da letra com melodias totalmente diferentes, como explorando o tema, à maneira dos cantores de jazz. Por outro lado, o baixista original, o americano radicado no Brasil Bruce Henry, não conseguiu fazer a levada de samba de que Gil precisava, e quem tocou o baixo na faixa foi Lanny Gordin (que é nascido na China, de pai russo e mãe polonesa, mas foi criado no Brasil, ao contrário de Bruce, criado na Espanha até os 16 anos).


Mas todo o álbum Expresso 2222 tem a marca desta mistura. Gil havia acabado de chegar do exílio em Londres, com a cabeça cheia de rock inglês, mas também cheio de saudades de casa. O álbum é um reencontro, um retorno do filho pródigo – mas o filho pródigo não voltará a ser como era antes de sair. Sintomas: Cada macaco no seu galho, do Riachão, que ele regravou com o Caetano anos depois no Tropicália 2, é gravado como se fosse uma faixa do Exile on Main Street, dos Rolling Stones! A faixa se contradiz internamente de propósito, como se adotasse o discurso-chave do Chacrinha: “eu não vim para explicar, eu vim para confundir” (Caetano faria coisa parecida no álbum Araçá Azul, ao gravar Eu quero essa mulher assim mesmo com guitarras desvairadas).


Já a abertura do álbum é com a Banda de Pífaros de Caruaru, tocando a também gravada por Caetano (e com letra dele) Pipoca Moderna. O espírito do retorno é explicitado: música regional tornada de vanguarda, no rítmo de complexas subdivisões de compasso. Pipoca Moderna e Chiclete com Banana são geminadas em Expresso 2222, a começar pelos títulos – mesma direção, sentidos inversos: de lá para cá, de cá para lá. Gil diz sobre seu retorno:



Eu já voltei pós-rock! (risos) A visão, a cultura e a informação eram pós-rock. Era Paralamas já! (risos) Já era Paralamas, já era Titãs, já era um rock voltado para as raízes e para os interesses locais e para as músicas de traço local.



Gilberto Gil foi exilado pela ditadura militar em 1968, no bojo dos acontecimentos ligados ao endurecimento do regime, que interromperam bruscamente muitos dos debates sobre o desenvolvimento da música brasileira ao imporem outra pauta mais urgente. Ao voltar, em 72, de certa forma estes debates se tornam fato consumado, e não é mais possível fazer as divisões entre os que aceitam ou não influência estrangeira, entre nacionalistas e entreguistas, etc. No entanto, não deixa de ser impressionante que Gil vá buscar num compositor anterior a toda esta discussão a constatação da resposta que só o tempo pode dar.


Em Chicletes com banana, Gordurinha exibe sua dialética: reconhecendo que o povo dominado influencia e modifica o dominador – como as línguas latinas vieram do latim, mas não são o latim – e sobreviveram ao Império Romano e tornaram-se dominadoras mais tarde; como o samba invasor do Sudeste e da Bahia se espalhou pelo Brasil, sofrendo por suas vez modificações, criando variantes a ponto de permitirem o surgimento de um Jackson do Pandeiro, artista maduro em sua arte que mistura homogeneamente todas estas influências; e como a mesma história estava a ponto de começar a se repetir em 1959, e continua a se repetir hoje, com o funk, com a música eletrônica; como a MPB, forjada sem este nome desde bem antes, continua a ampliar suas fronteiras, independente dos que sempre surgem para agourar uma suposta descaracterização – na verdade uma contínua recaracterização. O compositor como antena da cultura e também artesão da nacionalidade. Gordurinha explica, e Gil amplifica, que esta dicotomia é falsa, pois um papel do compositor alimenta o outro, em mútua dependência. Não apenas chiclete, não apenas banana. Muitos outros sabores.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

minha vida por gordurinha - por rosa ferraz

minha vida de acordo com Gordurinha.Usando nomes de músicas apenas de um artista ou grupo, responder a essas perguntas. Passe para 25 pessoas que você gosta e me incluir. Tente não repetir um título de canção no seu teste e nem um dos que eu usei (se você escolher este mesmo artista). É muito mais difícil do que você imagina! Repost como "Minha vida de acordo com (nome da banda ou artista)" Siga estas simples instruções: Vá em "notas" com abas em sua página de perfil, cole as instruções no corpo da nota, escreva o seu título como "Minha vida de acordo com (nome da banda)", apagar as minhas músicas e introduzir as suas respostas, tag alguns amigos, incluindo eu (marcação é feita no canto direito da APP), em seguida, clique em Publicar.

Escolha o seu Artista: Gordurinha.

Você é homem ou mulher? "Quem sou eu."

Descreva-se: "Bossa quase nova."

Como você se sente? "Tô doido pra ficar maluco."

Descreva o local onde você vive atualmente: "Luz e Trevas."

Se você pudesse ir a qualquer lugar, onde você iria? "São Paulo x Rio."

Sua forma de transporte preferida? "Pau de arara é a vovózinha."

Seus amigos(as): "Pedida legal."

Hora do dia favorita: "Chicletes com Banana."

Se sua vida fosse um programa de TV, como seria chamado? "Viva o Samba."

O que é a vida para você? "Perigo de morte."

Seu relacionamento: "Quero chorar um samba"

Seu medo: "Eu, sem caminho."

Qual é o melhor conselho que você tem pra dar? "Que diabo é nove que dez não ganha."

Pensamento do Dia: "Uma prece para os homens sem Deus."

Meu lema: "Anestesia pra moral."

terça-feira, 21 de junho de 2011

Wilson Café e Gordurinha

GAZETA MERCANTIL

26 de agosto de 1997

Wilson Café homenageia mestres em CD

Num ótimo disco, instrumentista aposta em clássicos de Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e o esquecido Gordurinha. Não chega a ser revelador que a música de qualidade precise estar relacionada a erudição, a sofisticação da melodia ou a seus versos bem elaborados. Essas características, no entanto, não impedem a canção popular, que já desfruta de reconhecimento e respeito de historiadores e críticos, de conquistar e desfrutar o status de boa música. A canção nordestina tem exemplo disso em clássicos de Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Manezinho Araújo e o esquecido Waldeck Arthur de Macedo, o Gordurinha, compositor do pelourinho, em Salvador.


Ver algumas de suas mais importantes composições reunidas num só disco talves seja uma boa idéia para medir a dimensão de sua obra. O disco Coração de Tambor, do Percussionista Wilson Café faz isso com ousadia: além de enfrentar o desafio do registro ao vivo, ele deu novos arranjos e incorporou a música clássica de Heitor Villa Lobos, num trabalho uniforme e bem acabado.


O CD será apresentado hoje, a partir das 21h, em coquetel no Museu de Arte da Bahia. Mesmo com um tipo de música das mais populares – daquelas que, não faz muito tempo, costumava-se ouvir em rodas de amigos e festas populares. Café fez um disco fadado a nunca aparecer na programação das emissoras de rádio baianas. O percussionista e compositor optou por fazer um trabalho que foge da música fácil e repetitiva que se faz em Salvador.


Já na primeira audição, Coração de Tambor consegue manter a naturalidade do show ao vivo, num disco surpreendente, com repertório de bom gosto, arranjos inteligentes, capazes de preservar a originalidade das canções, apenas acrescentando pequenos retoques percussivos na maioria das faixas. O desafio aparece nas excelentes execuções do forró Olha pro Céu, de Luiz Gonzaga e José Fernandes; na toada asa Branca, tão reinventada desde o seu lançamento, há exatos 50 anos. Nem mesmo sua decisão em aparecer como cantor prejudica o conjunto do disco. Ao invés de buscar a diversidade de instrumentos para compor seus arranjos e até mesmo os delírios de sons possíveis na percussão, Café limitou-se a poucos instrumentos. Além disso, o instrumentista conseguiu combinar com eficiência a percussão com os instrumentos tradicionais da música nordestina – sanfona e flauta.


Para compor a seleção das doze faixas – quatro delas de sua autoria – café recorreu às lembranças da infância. Seus homenageados, justificou, fazem parte de um time de artistas responsáveis pela construção da identidade musical nordestina – o que chamou de Coração do Brasil. Assim Gonzaga é o coração da melodia nordestina; Jackson do Pandeiro, do ritmo; Manezinho de Araújo, da embolada; e Gordurinha, da sensibilidade e da crítica social.


O show é aberto com a participação especial da atriz Nilda Spencer, que recita Sagrado é o Meu Santo, de Paulo Atto. A seguir, duas emboladas da dupla Jaime Sodré e Wilson Café – Sagrado Profano de Lá Vem o Coco. Depois, café apresenta Dezessete e Setecentos, dele e de J. Velloso, um dos produtivos compositores da nova geração. As homenagens começam com o conhecido contagiante coco Sebastiana, composição maliciosa que consagrou Rosil Cavalcanti, e popularizou Jackson do Pandeiro, em 1953, O maranhense João do Vale é lembrado com O Canto da Ema – pareceria com Ayres Viana e Alvetino Cavalcanti), consagrada por Gilberto Gil, no LP Expresso 2222 de 1974. Um dos melhores momentos do disco é o resgate do talentoso Gordurinha. No disco, o compositor aparece nas impagáveis Baiano Burro Nasce Morto e Vendedor de Caranguejo.


Café também agrada com a versão de Cuma É O Nome Dele, a mais famosa embolada de Manoelzinho Araújo. Lançada em 1963. Manoelzinho, morto há dois anos, foi o responsável por levar a embolada – forma poético-musical bem humorada, em compasso binário e andamento rápido, utilizada por solistas ou em diálogos e desafios – para São Paulo e Rio de Janeiro.
O CD foi gravado nas duas apresentações de Café no Teatro da ACBEU, nos dias 16 e 17 de outubro do ano passado. O show teve a direção musical do maestro Luciano Chaves.


Um dos trunfos de café está na qualidade e no entrosamento dos músicos – Edu Fagundes (violão) Paulo Reis (percussão), Cícero (sanfona), André Becker (sax), Dunga Dantas(trumpete) e Luciano Chaves (flauta). A seqüência com que arrumou consegue dar uniformidade ao disco. Nem mesmo o break para execução da belíssima Trenzinho Caipira, de Heitor Villa-Lobos distoa na seqüência. Acompanhado de celos de Marcos Roriz, Lima e Cândida Lobão, Café faz do clássico de Villa-Lobos um momento especial do disco, dando-lhe uma roupagem nordestina eficiente.

Este é o segundo CD de Café e o primeiro em que aparece como cantador – como ele mesmo de define. Para homenagear os dez músicos que considera os cavaleiros da música nordestina, o percussionista passou um ano pesquisando uma série de ritmos do Norte e Nordeste, como Maxixe, a embolada e o baião – combinado este com o rap americano. Para isso, contou com a colaboração do pesquisador baiano Perfilino Neto, dono de um dos importantes acervos musicais do País. Segundo Café, a embolada, ritmo nordestino no qual a música é um diálogo, é o verdadeiro rap, já que o canto dos arppers também é um discurso.
Vencedor do Troféu Caymmi 1994 café tem procurado construir sua carreira em cima de apresentações, onde pode mostrar seu potencial artístico. Sua proposta é explorar sonoridades de instrumentos percussivos, o que fez com maestria no primeiro CD, Batam Palmas, e resgatar as raízes rítmicas brasileiras, como faz em Coração de Tambor.


FONTE



http://www.wilsoncafe.com.br/materias/gazetamercantil.htm

domingo, 19 de junho de 2011

GORDURINHA E SUA HISTÓRIA

Gordurinha May 13, '09 10:14 PM
para todos



(Salvador/BA, 10-08-1922 ******** Rio de Janeiro/RJ, 16-01-1969)

O compositor, cantor, radialista e humorista baiano Waldeck Artur Macedo, conhecido por “Gordurinha”, cursou até o segundo ano de Medicina, mas abandonou os estudos para seguir a carreira artística.

Ganhou o apelido de Gordurinha dos amigos de rádio por sua magreza.

Com 16 anos, Gordurinha aprendeu a tocar violão apresentando-se em um programa de calouros na Rádio Sociedade da Bahia, em Salvador. Na época, participou do grupo vocal "Caídos do Céu".

Observador perspicaz, povoou suas crônicas com tipos peculiares cheios de malícia e cunhou protestos sutis, angariando fama.

Trabalhou, ainda com teatro, excursionando por várias capitais do país. A fama de humorista relegou a um segundo plano o talento de compositor.

Nos anos 40, Gordurinha tentou a sorte no Rio de Janeiro, mas, não obtendo o mesmo sucesso que em Salvador, resolveu ir para Recife, onde atuou nas rádios locais.

Disposto a tentar a vida no Rio mais uma vez, Gordurinha conseguiu entrar para a Rádio Nacional em 1952.

Nas décadas de 50 e 60, Gordurinha gravou cinco discos, onde canta suas músicas humorísticas acompanhado por orquestras.

Em 1954, Gordurinha teve sua primeira composição gravada por Jorge Veiga, o baião "Quero me casar".

Em 1957, Gordurinha apresentou na Rádio Nacional o programa "Varandão da Casa Grande", além dos programas "Café sem Concerto" na Rádio Tupi e "Boate Ali Babá", na TV Tupi.

Em 1958, Ari Lobo gravou um de seus grandes sucessos, o coco "Vendedor de Caranguejo”.

Em 1959, o samba "Chiclete com banana", parceria com Almira Castilho (na época esposa de Jackson do Pandeiro), foi gravado com grande sucesso. Esse samba, além de peça de teatro, foi tema de uma tira de histórias em quadrinhos, do desenhista Angeli e é nome de uma banda de música baiana.

Ainda no mesmo ano, fez grande sucesso com o baião "Baiano Burro Nasce Morto" que gerou um famoso bordão nas televisões da época.

Em 1960, Gordurinha gravou mais um grande sucesso, o baião-toada "Súplica Cearense", composto em parceria com Nelinho, música considerada pela crítica como sua obra-prima e uma das músicas mais pungentes em solidariedade aos miseráveis da seca nordestina.

Em 1962, Gordurinha lançou o LP "A Bossa do Gordurinha", com destaque para "Baiano Não é Palhaço". Em 1963, pela gravadora Copacabana, lançou o LP "Gordurinha...Um Espetáculo", com destaque para "Fornalha" e "Baião Bem".

Como produtor musical, Gordurinha ajudou a fazer os melhores discos do Trio Nordestino.

Em 1968, Augusto Boal dirigiu, no Teatro de Arena de São Paulo, o musical "Chiclete com Banana", inspirado na música de Gordurinha, criticando as relações desiguais entre a música brasileira e a música estrangeira, particularmente a norte-americana.

Em 1972, Gilberto Gil, em disco lançado após seu retorno do exílio em Londres, regravou "Chiclete com Banana".

Em 1974, o cantor Jards Macalé gravou "Orora Analfabeta" e "Mambo da Cantareira", no LP "Aprender a Andar".

Em 1964, desgostoso com o golpe militar, Gordurinha fugiu de casa deixando com os familiares a determinação para que destruíssem tudo o que parecesse comprometedor, especialmente uma foto em que aparecia tocando violão para o presidente João Goulart e o governador Leonel Brizola. Maltrapilho e doente, só reapareceu meses depois.

Em 16 de janeiro de 1969, o músico, que durante toda a vida fora acometido de uma asma intensa, morreu de infarto, em decorrência de uma overdose de adrenalina que ele próprio injetava para aliviar a falta de ar provocada pela doença.

Em 2000, a Warner Music na série "Enciclopédia Musical Brasileira", lançou o CD "Jackson do Pandeiro e Gordurinha", no qual o cantor e compositor baiano aparece interpretando sete composições de sua autoria, entre as quais, "Oito da Conceição", "Vendedor de Carangueijo" e "Qual é o Pó?"

Fontes de Pesquisa: Dicionário Houaiss Ilustrado - Música Popular Brasileira; Site Clube do Samba; Facom.ufba.br; Portal Luis Nassif; Blog Gordurinha Neto.


Vídeos relacionados:

Gordurinha interpreta "Baiano Burro Nasce Morto" no filme "Titio Não é Sopa":
http://memoriadampb.multiply.com/video/item/329

Músicas:
http://memoriadampb.multiply.com/music/item/1339

SAMBAS CLÁSSICOS COM ORQUESTRA HB E DUDA RIBEIRO HOMENAGEAM O ILUSTRE GORDURINHA COM O CLÁSSICO CHICLETE COM BANANA





Vivemos num país complexo, problemático, mas dotado de um privilégio de já possuírem sua cultura popular canções clássicas que atravessam e atravessarão os séculos. Foi o samba quem unificou a cultura de diferentes classes sociais no Brasil do séc XX, e continua fascinando as novas gerações.

Guga Stroeter e orquestra HB montaram uma série de arranjos inéditos de big band para samba, num degrau evolutivo aberto por artistas fundamentais como Severino Araújo, Maestro Cipó, Cyro Pereira... com um repertório que homenageia Dorival Caymmi, Ari Barroso, Tom Jobim, Chico Buarque, Pixinguinha, Herivelton Martins, Adoniram Barbosa, Gordurinha, Zé Ketti e outros. É o fino do samba para ouvir e cantar junto. Para interpretar esse cancioneiro, a orquestra convidou a carismática Dona Duda Ribeiro grande intérprete e sambista que é, já soma anos de estrada como cantora. Presença certa e ilustre no Camisa Verde e Branco. Foi eleita em 2005 a Cidadã Samba do Estado de São Paulo, e em 2006, foi promovida a Embaixatriz do Samba do Estado de São Paulo.

Orquestra HB e Duda Ribeiro estão finalizando o primeiro cd da cantora, chamado “Bereré Bereré!”, com lançamento para o segundo semestre de 2006.


REPERTÓRIO


A voz do morro

Na cadencia do samba

Não deixe o samba morrer

O canto das 3 raças

Foram me chamar

Chega de saudade

O samba da minha terra

Chiclete com banana

O bêbado e a equilibrista

Se acaso você chegasse

Trem das onze

Salve a mocidade

Tristeza

As rosas não falam

Foi um rio que passou em minha vida

Ave Maria do morro

Vai passar

sexta-feira, 17 de junho de 2011

AMIGOS DE GORDURINHA


Quero através desta agradecer aos que estão aqui registrados e aos que visitaram o blog e foram embora levando um pedaço de Gordurinha.VOCÊS SÃO MUITO IMPORTANTES PARA O BLOG, SÃO VOCÊS QUE AINDA O MANTÉM .Não vou citar nomes para não ser injusto com a minha falta de memoria.
Muito obrigado !

sábado, 11 de junho de 2011

Chiclete Com Banana com a Orquestra Metalúrgica Felipéia

Metalurgiarte é o título do trabalho da Orquestra Metalúrgica Felipéia, reconhecida nacionalmente por ter em sua formação grandes nomes da música instrumental paraibana consagrados no cenário nacional e internacional.

O álbum traz 16 faixas: 01 - Chiclete Com Banana; 02 - Rio Antigo; 03 - Metalurgiarte; 04 - Já De Saída; 05 - Seleção De Rumbas: Caravan; Para Vigo Me Voy; Siboney; 06 - Brasil Moleque; 09 - Pro Zeca; 10 - Paraíba; 11 - Chorinho Pra Ele; 12 - Viagem De Matuto; 13 - Acácia Amarela; 14 -Metalurgia; 15 - Cuscuz Disfarçado; 16 - Also Sprach Zaratustra; 17 - Cabeça De Papeiro; 18 - Meu Sublime Torrão. (escute aqui)

Chiclete Com Banana - Orquestra Metalúrgica Felipéia
De: Gordurinha e Almira Castilho




Arte e diversão com a Orquestra Metalúrgica Felipéia de João Pessoa/PA - A Orquestra Metalúrgica Felipéia produz arte e diversão desde 26 de setembro de 1984, data em que um grupo de alunos do Bacharelado em Música da Universidade Federal da Paraíba decidiu institucionalizar o prazer de tocar um repertório de música brasileira para contrabalançar a erudição acadêmica, sem, no entanto, desdenhar o aprendizado que aponta para a perfeição da execução.

Na liderança a figura ímpar de Francisco Fernandes Filho (foto acima), trompetista, zabumbeiro, arranjador e maestro que adotou como nome artístico o apelido de infância: Chiquito, tendo sua obra registrada em 1998 no CD Metalurgiarte (CPC-UMES).

Tão logo começaram as apresentações, a Metalúrgica Felipéia foi conquistando o público, e do meio musical surgiam composições e arranjos elaborados por músicos das mais diversas formações para a orquestra executar. Hoje ela tem no elenco de fãs e colaboradores nomes do quilate de Carlos Malta, Moacir Santos, Nelson Ayres e Roberto Sion.

FONTE
Blog Vânia Nóbrega

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Gordurinha no Álbum Idolos do Rádio e da Tv

Hoje destaco aqui, o Álbum Idolos do Rádio e da Tv - álbum para colecionar figurinhas - lançado em 1960 pela Editora Vecchi (editora brasileira fundada em 1913 por uma família de descententes de italianos, os Vecchi) as figurinhas traziam a fotografia de cantores e atores brasileiros como Gordurinha e também nomes como: Ângela Maria, Chacrinha, Vicente Celestino, Linda Batista, Norma Suely, Jorge Murad, Carlos Augusto, Orlando Dias...

Waldeck Artur de Macêdo, o Gordurinha está bem ali entre as dezesseis figurinhas da página(note que o espaço de Os Cariocas é preenchido por duas figurinhas). Lembrando que a tiragem era trimestral e que cada álbum trazia de 240 a 255 figurinhas, neste, a figurinha do Gordurinha é a de nº 128.

O passatempo de colecionar Álbuns de Figurinhas fez parte das brincadeiras de meninos e meninas de todas as idades da década de 50, 60, 70, 80... hábito ainda cultivado por alguns e parte da memória afetiva de tantos outros que lembram com saudades de quando iam "dia sim e o outro também" ao mercado para comprar pacotinhos (booster stickers) e mais pacotinhos de figurinhas para preencherem seus álbuns...

Os pacotinhos traziam 03 , 04 ou até 05 figurinhas aleatórias. O problema com as indesejadas figurinhas repetidas era resolvido trocando as tais com outros colecionadores, ou usando-as para jogar o “bafo” com os amigos, mesmo.

Atualmente estas raridades, álbuns e figurinhas, ocupam baús que ainda abrigam guardados de familiares e amigos que vivenciaram a Época de Ouro das Coleções de Álbuns de Figurinhas; outras compõem o acervo de colecionadores, bibliotecas e sebos...

Você sabia que em 1999, surgiu na Feira dos Colecionadores do Rio de Janeiro os primeiros resultados de uma pesquisa iconográfica, que se estendeu até o ano de 2000, produzindo um total de 12 volumes intitulados Álbuns de Capas, em edição de Nilo Sérgio de Oliveira e Alberto Moreira?

Essa idéia singular preencheu a curiosidade de muitos, que conhecendo o título dos álbuns nunca haviam visto as suas capas. Cada volume da série “Álbuns de Capa” tem uma média de 60 capas de álbuns das mais variadas editoras, que atuaram no Rio de Janeiro no século XX. O Prof. Nilo, considerado um dos maiores colecionadores de figurinhas, ajudou muita gente a dar os primeiros passos neste fascinante hobby cultural.

Fonte
BrasilCult
BrasilCult Idolos do Rádio e da TV

sábado, 14 de maio de 2011

Oróra Analfabeta, por Zé Alexandre

Magnifica interpretação do cantor Zé Alexandre dos sambas-de-breque "Oróra Analfabeta", de Gordurinha e Nascimento Gomes e "Festival de Bolachada", de Gordurinha - no álbum Zé Alexandre ao vivo - 1999 - CD INDEPENDENTE. Em 1999, Zé Alexandre (José Alexandre Gomes Coelho da Rocha e Silva) lançou seu primeiro CD "Zé Alexandre ao vivo", produzido com o ator e diretor de teatro, cinema e televisão, Roberto Bomtempo.

1. REVANCHE (Lobão - Bernardo Vilhena) 04:18
2. ORORA ARNAFABETA...FESTIVAL DE BOLACHADA (Gordurinha - B.M.Gomes) 03:58 [sic]
3. VENTOS DE PALMARES (Zé Alexandre) 04:11
4. NÃO DIGA NUM BLUES (Zé Alexandre - Mongol) 04:24
5. VOCÊ SE PARECE COM TODO MUNDO (Cazuza - Frejat) 03:41
6. CINE ROYAL DE INHAÚMA (Zé Alexandre) 03:32
7. É RUIM DE PEGAR COM A MÃO (Zé Alexandre) 04:07
8. CASINHA BRANCA (Gilson - Joram) 04:24
9. BLACK IS BEAUTIFUL (Marcos Vale - Paulo Sérgio Valle) 05:14
10. MORA NA FILOSOFIA (Monsueto - A. Pessoa) 02:26
11. CANÇÃO PRA INGLÊS VER (Lamartine Babo) 03:06
12. COMO SE ESTIVESSE FORA (Oswaldo Montenegro - Mongol) 01:55
13. SEM PRESSA (Zé Alexandre) 05:15
14. VELHAS ESTRADAS (Zé Alexandre) 04:05

Oróra Analfabeta
Gordurinha e Nascimento Gomes






Olha, que eu conheci
uma dona boa lá em Cascadura
grande criatura
mas não sabia ler
e nem tampouco escrever
Mas ela é bonitona,
bem feita de corpo e cheia da nota
mas escreve gato com "J",
escreve saudade com "C"
pra você ver...
Ela me disse outro dia,
que estava doente,
sofrendo do "estrombo"
vixe, quase levei um tombo,
caí durinho pra trás
ela fala "Aribu",
"arioprano" e "motocicreta"
e diz que adora feijoada "compreta"
ela é errada demais...
vi uma letra "O"
bordada em sua blusa,
eu disse é agora
perguntei seu nome
ela me disse " Orora "
eu sou filha do "Arineu"
mas o azar é todo meu...

Festival de Bolachada
Gordurinha

Eu outro dia passeando em Madureira
caí na asneira de dizer uns "psilones"
a uma dona muito bem aparentada
mas a danada pôs a boca no trombone
chamou o guarda e contou tanta mentira
e o pior é que o guarda acreditou
meu deu uma bolacha quarta-feira às cinco horas
eu tô levantando agora, a enfermeira me chamou
juro por Deus que nunca mais em minha vida
fazer gracinhas pela rua eu vou
mulher bonita se passar eu viro a cara
podem dizer que eu tô até borocoxô
aquele guarda me deixou complexado
se bobear um dia eu vou virar mulher
meu camarada, se eu gostasse de bolacha
comprava uma caixa de um biscoito qualquer
Eu outro dia, sem querer no cais do porto
pra olhar um morto eu desci do lotação
num instantinho vi dois caras parecidos
e pela farda acho que era o Cosme e Damião
e num instante eu já estava no distrito
me deram um bico que eu fiquei sem ouvir direito
que coisa chata foi servir de testemunha
me arrancaram a unha do dedão do pé direito
me bateram tanto que eu fiquei abilolado
me enfiaram um prego no buraco do nariz
pra me ver livre dos carinhos do delega
eu fui obrigado a confessar o que eu não fiz
e eu confessei que no ano de mil e quinhentos
no dia vinte de dois de abril
o Pedro Álvares Cabral era inocente
fui eu quem descobriu o Brasil
eu confessei que matei o Tiradentes
que sou culpado no estouro do Guandú
paguei uma multa de cinquenta mil cruizeiros
e fui à pé pra minha casa em Bangu...
e muito jururú...

Fonte

site oficial - Zé Alexandre

sábado, 7 de maio de 2011

Pra Você Mamãe: "Poema dos Cabelos Brancos"

A música "Poema dos Cabelos Brancos", de Gordurinha, em homenagem a sua Mãe diz assim: "[...] Não há neste mundo uma jóia igual para mim [...]".





Poema dos Cabelos Brancos
Gordurinha


Quando aprendi a falar chamei seu nome. Não me lembro, mas tenho certeza que isto aconteceu. Mamãe, toda a pureza do universo está simbolizada na brancura dos seus cabelos. Esta neve de bondade, este algodão de santidade, minha mãe. (parte falada)

Mamãe, seus cabelos são lindos
Branquinhos de trabalho que eu dei
Mamãe, você enfrentava sorrindo
Problemas que o papai lhe deixou, eu sei
Mamãe os seus olhos são claros
Talvez de chorar tanto tanto
Quero beijar seus cabelos mamãe
Quero enxugar o seu pranto

Quando eu faltava a escola você me batia
Depois chorava num canto com pena de mim
Mamãe voce é uma santa, o papai já dizia
Não há neste mundo outra jóia igual para mim
Mamãe se você hoje chora é de alegria
A vida mudou mais você ainda é um encanto
Quero beijar seus cabelos mamãe
Quero enxugar o seu pranto

"Poema dos Cabelos Brancos" foi gravada por Ary Lobo no LP Uma Prece Para Os Homens Sem Deus. A cantora Carmen Silva também gravou a música no LP homônimo lançado em 1977, como: Poema Dos Cabelos Brancos (Tesouro Da Minha Vida) de Gordurinha. O álbum A Confraria Do Gordurinha também trouxe "Poema dos Cabelos Brancos", na interpretação de Marta Millani.

Chiclete Com Banana - Monica Salmaso, Osesp e Banda Mantiqueira








Chiclete Com Banana
Mônica Salmaso - Orquestra Sinfônica Do Estado De São Paulo
- Banda Mantiqueira
Compositor: Gordurinha e Almira Castilho

ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO:
- JOHN NESCHLING
- BANDA MANTIQUEIRA
- MÔNICA SALMASO

Este terceiro encontro da OSESP com a Banda Mantiqueira marcou a estréia da cantora Mônica Salmaso no grupo. Os resultados anteriores foram tão significativos (a OSESP só com a Mantiqueira, em 2002 e o segundo, em 2004, com a convidada especial Luciana Souza) que o maestro John Neschling decidiu presentear o público da Sala São Paulo, em dezembro de 2006, com mais um momento de descontração antes das férias.

O concerto, com um repertório que viaja pela MPB, com músicas de alguns dos nossos maiores compositores (Gordurinha, Chico Buarque, Tom Jobim, Noel Rosa, Edu Lobo, Caetano Veloso, João Donato, João Bosco, Tom Zé, entre outros, além da inclusão do tango Uno (Mariano Moraes/Henrique Santos Discepolo), ganhou arranjos especiais para a ocasião e está sendo lançado pela gravadora Biscoito Fino - selo Biscoito Clássico - parceria com a OSESP já com belos frutos.

Desde o primeiro concerto, o maestro John Neschling diz ter encontrado a parceria ideal para este projeto: a Banda Mantiqueira, criada por Nailor Azevedo (o Proveta), extraordinário arranjador e clarinetista. Proveta reuniu a fina flor dos instrumentistas de várias regiões do país, todos ansiosos por uma linguagem que expressasse a brasilidade na forma de interpretar a música.

Conseguiu formar uma verdadeira big band brasileira, com raízes nas big bands norte-americanas que cultuavam Miles Davis, Louis Armstrong, Charlie Parker e outros mestres do jazz. A união da Mantiqueira com a excelência da OSESP, dirigida por John Neschling, só podia dar certo. Neste CD, entra todo o lirismo da voz de Mônica Salmaso, intérprete ideal para este sofisticado repertório da música brasileira.

Pelos arranjos de craques como Laércio de Freitas (A Rã), Proveta (Beatriz e Vovô Manuel), Nelson Ayres (Uno), Edson Alves (Conversa de Botequim), André Mehmari (Eu te Amo), Alexandre Mihanovich (Beijo Partido), Chiquinho de Moraes (Menina, Amanhã de Manhã) e Roberto Sion (Chiclete com Banana), chega-se, sem dúvida, à constatação que a música popular e a música erudita estão muito mais próximas do que parece.

Faixas
01 A rã (João Donato / Caetano Veloso) 4m09s
02 Beatriz (Edu Lobo / Chico Buarque) 6m51s
03 Uno (Mariano Mores / Henrique Santos Discepolo) 5m37s
04 Conversa de Botequim (Noel Rosa / Vadico) 3m55s
05 Eu Te Amo (Tom Jobim / Chico Buarque) 7m59s
06 Beijo Partido (Toninho Horta) 6m44s
07 Linha de Passe (João Bosco, Paulo Emilio / Aldir Blanc) 7m18s
08 Menina, amanhã de manhã (Zé / Perna) 7m56s
09 Apanhei-te Cavaquinho (Ernesto Nazareth) 4m05s
10 Vovô Manoel (Nailor Azevedo - Proveta) 14m51s
11 Chiclete Com Banana (Almira Castilho / Gordurinha) 5m44s

Ficha Técnica

REALIZAÇÃO BISCOITO FINO

Direção Geral: Kati Almeida Braga
Direção Artística: Olivia Hime
Gerência de Produção: Pedro Seiler
Assistente de Produção: Renata Mader

FONTE

BISCOITO FINO


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Gordurinha eternizou a expressão samba-rock

A Revista IstoÉ
N° Edição: 1662
De 08 de Agosto de 2001 -
publicou a matéria Os alquimistas estão chegando, onde relembra que o verbete samba-rock surgiu na música Chiclete com Banana, de Gordurinha e Almira Castilho.

Gordurinha - Chiclete com Banana


Os alquimistas estão chegando...

Calcado na batida inventada por Jorge Ben, nos anos 60, o samba-rock conquista os jovens, recupera antigos artistas, lança novos nomes e se torna um fenômeno nos clubes noturnos...

Autor de achados como Baiano burro nasce morto, o compositor Waldeck Artur de Macedo, mais conhecido como Gordurinha, foi um debochado com pedigree de inteligência, só que nunca levado muito a sério. Mas, aos olhos atuais, ele pode ser considerado um visionário. Em 1959, numa parceria com Almira Castilho, eternizou a expressão samba-rock na clássica Chiclete com banana, imortalizada na ginga de Jackson do Pandeiro.

Há mais de 40 anos, portanto, em seu delírio profético Gordurinha antecipava o encontro da malandragem do samba com o balanço do rock americano. Uma verdade que só foi acontecer de fato no final dos anos 60, quando Jorge Ben – hoje Jorge Ben Jor – com seu violão magnético se uniu aos integrantes do Trio Mocotó e seu vanguardista naipe percussivo. Nasceu dali uma música cheia de bossa e suingue. Um samba aditivado por letras ingênuas e refrões grudentos, que davam o perfeito sustento à batida genial e inconfundível de Jorge Ben.

Três décadas depois, o samba-rock está de volta – calcado exatamente nas suas origens –, ressuscitando antigos artistas, formando outros tantos e, acima de tudo, fazendo a moçada sedenta por novidades redescobrir o prazer de dançar junto.

A maior prova do fôlego do “novo” fenômeno musical aconteceu no concorrido lançamento do álbum Swing & samba-rock, do guitarrista e cantor Marco Mattoli e seu grupo Clube do Balanço, no domingo 29, no paulistano Blen Blen Club, que naquela noite bateu recorde de público.

Mattoli está entre os expoentes da nova geração, em sintonia com o gênero que volta à ribalta através de uma trajetória curiosa. Quem primeiro pinçou os clássicos superbalançados de Jorge Ben foram os DJs, que faziam – e ainda fazem – ferver as pistas de casas noturnas como Jive e Grazie a Dio, ambas em São Paulo. Como resultado, a onda desencadeou uma busca pelos antigos vinis, hoje disputados a preço de ouro, gravados por gente como Bebeto, Marku Ribas ou Luís Wagner.

Atentas à mínima movimentação, principalmente as que não impliquem grandes investimentos, as gravadoras começam a tirar do baú o som cultuado. A Universal Music, por exemplo, num projeto do titã Charles Gavin, acaba de relançar em CD quatro antigos LPs de Jorge Ben, entre os quais África Brasil, de 1976, considerado um clássico do gênero.

O DJ paulistano Rodrigo Furtado Hernandez, 26 anos, o craque dos toca-dicos do Grazie a Dio, por reverência até abdicou da vaidade típica de criar sons ao vivo. “Quando toco samba-rock, não me considero mais um DJ, e sim um bailero. Não interfiro em quase nada.

Na pista, é difícil não se entregar ao balanço das músicas, apesar de os iniciados, de certa forma, promoverem a timidez dos sem-cintura com passos supercoreografados. Diante da avidez da frequência, Hernandez foi obrigado a garimpar em sebos e feiras de antiguidades vinis antigos e compilações piratas feitas em CD especialmente para abastecer a Europa, onde a onda com sabor cult leva a rapaziada ao delírio. Em Londres, por exemplo, as noites batizadas de Bat Macumba são o maior sucesso.

Mercado – Novos discos, contudo, começam a suprir a efervescência do mercado. Neste mês, chega às lojas o trabalho que marca a volta do Trio Mocotó – formado por João Parahyba, Nereu Gargalo e Luiz Carlos Fritz –, depois de 28 anos sem atividade. Não por acaso, o CD chama-se SambaRock. Contraditoriamente, Parahyba, líder do Trio Mocotó, considera pobre a definição. “Nós não tocávamos nem samba, nem rock, nem bossa-nova, era algo meio torto”, define. “Fazíamos uma música balançada e alegre que nasceu de uma situação casual. Não quero ser inventor de nada”, desabafa.

SambaRock, o disco, faz jus ao caráter de celebração, acrescido de algumas modernidades. A faixa Krioula, por exemplo, espécie de emblema do gênero, ganhou um revestimento eletrônico de fundo, traço vindo da fase na qual Parahyba teve como parceiro mais constante o produtor iugoslavo radicado no Brasil, Mita Subotic, o Suba, morto em 1999. Mas o humor e o descompromisso nas letras foram preservados.

Enquanto a movimentação musical recoloca veteranos na trilha dos bailes, há gente nova ocupando espaço. O paulistano Marco Mattoli, 36 anos, vem sendo apontado como um dos responsáveis por remover o limo que encobria o samba-rock, principalmente entre a classe média consumidora de discos. “Samba-rock tem que soar clássico, o fino, não pode soar moderno. Em samba não existe novidade, existe raridade”, afirma Mattoli. Antes de subir no palco do Blen Blen Club, ele percorreu os salões da periferia paulistana organizando festas na Cohab Itaquera, um dos poucos lugares onde o estilo se manteve vivo.

O DJ paulista Cláudio Luís da Costa, 45 anos, que conduz noites no Jive e no Blen Blen, também chegou a frequentar vários desses encontros. “Tem bastante gente que antes curtia rap e agora passou a gostar do samba-rock. É bom porque abre a cabeça da moçada da periferia, que sai da droga, esquece a vida dura.

Nos bairros de classe média, onde se localizam os clubes-residência deste tipo de som, já se vê uma perfeita integração racial, com gatinhas neo-hippies junto a negras belíssimas, a maioria dentro de um visual anos 70, e rapazes cheios de intenção e vergonha por não saber dançar.

Como todo movimento, o samba-rock também elegeu sua musa. Ela é a paulistana Paula Lima, 30 anos, cantora que despontou no grupo Funk Como Le Gusta e recentemente se lançou na carreira solo com o álbum É isso aí. “A moçada está achando que se trata de um ritmo novo, que caiu no gosto popular pela propaganda boca a boca. É uma música sofisticada, mas não é cabeça. É o fim do cinismo e da burocracia na música brasileira”, diz ela, que tomou gosto pelo balanço na adolescência, frequentando os bailes black do Chic Show.

Num embalo completamente diferente, o guitarrista, percussionista e cantor carioca Seu Jorge, 30 anos – ex-integrante do grupo Farofa Carioca, que está estreando na carreira solo com o disco Samba esporte fino –, descobriu os encantos da música no teatro amador, depois de ter purgado um período como morador de rua.

Seu Jorge não faz exatamente samba-rock. Mas, como na luta pela fama vale tudo, ele tratou de se enturmar. Basta ouvir a faixa Carolina, inspirada no balanço Jorge Ben. Este, por sinal, até o momento não abriu a boca para se manifestar. Mesmo porque apenas reconhecimento não aumenta o saldo bancário de ninguém.

A batucada brasileira do Tio Sam
Marina Caruso

O gingado dos braços lembra o velho jeito rock’n’roll de sacolejar. Enquanto os rodopios se assemelham ao suingue, que marcou a geração dos anos 40. As pernas, no entanto, pouco têm a ver com os ritmos americanizados porque para acompanhar a febre que traz de volta aos clubes noturnos o hábito de dançar junto é preciso muito samba no pé.

Em São Paulo, esta habilidade marca a principal diferença entre os vários adeptos do samba-rock. Negros esnobam agilidade nas coreografias dançadas a dois, a três, misturando ou não pessoas do mesmo sexo, sem nenhum problema. Importante é se divertir dando mini-shows nas pistas. Quanto aos brancos, chamados de “pernas-de-pau”, resta o tortuoso aprendizado empírico ou então ficar na mera condição de espectador.

Não foi à toa que o número de pessoas à procura de aulas de samba-rock cresceu expressivamente, como explica o instrutor Inácio de Souza Júnior, conhecido como Moskito no circuito do samba. “Os negros estão dominando as pistas da classe média. Quem não sabe dançar fica intimidado, por isso procura aprender”, explica ele.

Desde que começou a dar aulas do gênero na periferia, em 1996, Moskito viu seu número de alunos pular de 14 para 150 depois da nova onda. Acompanhado da parceira Andréa Santos, ele ensina os interessados nas próprias casas noturnas que tocam samba-rock.

Nos paulistanos Blen Blen e Avenida Club, quem desembolsar R$ 5 a mais no valor da entrada tem direito a uma hora de aula com a dupla, antes de as pistas ferverem. O providencial empurrão tem ajudado a crescer o número de fiéis do ritmo.

Mas são os decanos que ainda reinam absolutos. A operadora de telemarketing Mayra Alves, 22 anos, e o estudante de música Nelson Neto, 24, cresceram escutando samba-rock em suas casas e dançando nos salões da periferia. Hoje, consideram positiva a invasão do gênero nos clubes da classe média. “Agora, podemos frequentar todas as pistas de dança da cidade e ouvir o tipo de música de que mais gostamos”, pondera Nelson, habitué do Blen Blen e do Consulado da Cerveja, casa do pagodeiro Netinho, ex-integrante do Negritude Jr., na zona norte de São Paulo, que começa a aderir com força total ao renovado balanço.

FONTE
Revista IstoÉ
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Poeira de Morte

Pedro e Paulo - Poeira do Norte











Esta música composição de Florentino Coelho e Eloide Warthon foi gravada por Gordurinha com o nome de "Poeira de Morte".












Tá vendo essa roupa cáqui
Ela é branca meu patrão
Acontece que eu vim de longe
Em cima de um caminhão
E a poeira é de morte
Naquela estrada do Norte
Tem dó de mim meu patrão
E vê se ajuda o teu irmão

Eu quero trabalhar o dia inteiro,
Nem que seja pra ganhar um tostão
Eu já não posso mais
E voltar para trás
Eu não quero não

Chega de viver torrado
pelo sol malvado
Que só quer matar
Chega de saber que a fome
É direito do homem
Que não quer roubar

Doutor o que me traz aqui
Não é me divertir
Nem ver o carnaval
Apesar do que sofri no Norte
Sou caboclo forte
Quero trabalhar

Gravação: Gordurinha
Disco: Mamãe! Estou Agradando
Gravadora: Continental
Ano: 1961
01. Bossa quase nova (Gordurinha)
02. Súplica cearense (Gordurinha / Nelinho)
03. Tô doido pra ficar maluco (Rodrigues da Silva / Ataide Pereira)
04. Poeira de morte (Florentino Coelho / Eloide Warthon)
05. Na marca do penalty (Erasmo Silva)
06. Não sou de nada (Gordurinha / Valter Silva)
07. Passe ontem (Umberto Silva / Luis Mergulhão)
08. Eu preciso namorar (Gordurinha)
09. Meio termo (Gordurinha)
10. Calouro teimoso (Gordurinha / Nelinho)
11. Quando os baianos se encontram (Oscar Bellandi)
12. O marido da vedete (Gordurinha)





domingo, 24 de abril de 2011

A Vingança do Berimbau - Miguezim de Princesa



"O Brasil é um absurdo/ Pode ser um absurdo/ Até aí tudo bem/ Nada mal/ O Brasil é um absurdo/ Mas ele não é surdo/ O Brasil tem um ouvido musical/ Que não é normal..." Com estes versos o compositor baiano Caetano Veloso faz um elogio à musicalidade da cultura brasileira.

De fato, nosso país é muito rico em ritmos musicais, que aqui se originaram e se tornaram conhecidos internacionalmente, como o: frevo, maracatu, forró, xaxado, xote, coco, lundu, maxixe, chorinho, samba-canção, pagode, samba de breque, samba enredo, bossa nova, baião, rojão.

"A Vingança do Berimbau", de Miguezim de Princesa (codinome de Miguel de Lucena - Delegado da Polícia Civil do Distrito Federal, jornalista e poeta de cordel), menciona essa multiplicidade da cultura musical brasileira destacando nomes, como: Maria Bethânea, Caetano, Gilberto Gil, Armandinho, Dodô e Osmar, Gal Costa, Morais Moreira, Batatinha, Caymmi, João, Novos Baianos, Gordurinha e tantos outros...

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A Vingança do Berimbau - Miguezim de Princesa














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A poesia "A Vingança do Berimbau" surgiu diante da polêmica criada por Antônio Dantas...

Em 2008, o reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar Almeida, pediu afastamento do coordenador do curso de Medicina, Antônio Dantas. A medida foi tomada depois que o coordenador, ao analisar o péssimo resultado que o curso de Medicina obteve no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), declarou à imprensa que o baiano não é inteligente. E o coordenador é baiano.

As declarações polêmicas foram publicadas em um jornal de circulação nacional. Na entrevista, o coordenador do curso de Medicina da UFBA, Antônio Dantas, atribuiu o baixo desempenho dos alunos de Medicina, que tiraram nota 2 no Enade, ao baixo QI - índice de inteligência dos baianos. Ele disse ainda que o baiano só toca berimbau bem porque o instrumento tem uma corda. Se tivesse mais não conseguiria... (leia mais aqui)

A vingança do Berimbau
by Miguezim de Princesa

Superado pelo tempo,
Ensinando muito mal,
Fabricando mil diplomas
Para entupir hospital,
O doutor da faculdade
Botou, com toda maldade,
A culpa no berimbau.

II

Disse o doutor Natalino
Que o baiano é um mocó,
Sem coragem e inteligência,
Preguiçoso de dar dó,
Só liga pra carnaval
E só toca berimbau
Porque tem uma corda só.

III

O sujeito ignorante
Não conhece o berimbau,
Que atravessou o mundo
Com toda a força ancestral.
Na fronteira da emoção,
Traz da África a percussão
Da diáspora cultural.

IV

Nem Baden Powel resistiu
À percussão milenar,
Uma corda a encantar seis
Na tristeza camará
De Salvador da Bahia.
Quem toca e canta poesia
Na dança sabe lutar.

V

O doutor, se estudou,
Na certa não aprendeu nada:
Diz que o som do Olodum
Não passa de uma zoada
E a cultura baiana
É uma penca de bananas,
Primitiva e atrasada.

VI

Jimmy Cliffi, Michael Jackson,
Paul Simon e o escambau
Se renderam ao Olodum
Com seu toque genial,
Que nasceu no Pelourinho
E hoje abre caminho
No cenário mundial.

VII

O baiano é primitivo?
Veja só o resultado:
Ruy foi o Águia de Haia;
Castro Alves, verso-alado
De poeta condoreiro,
E gente do mundo inteiro
Se curvou a Jorge Amado.

VIII

Bethânea, Caetano e Gil,
Armandinho, Dodô e Osmar,
Gal Costa, Morais Moreira,
Batatinha a encantar
Caymmi,João, Bossa Nova,
Novos Baianos são prova
Da grandeza do lugar.

IX

Glauber, no Cinema Novo;
Gregório, velha poesia;
Gordurinha, no rojão;
Milton, na Geografia;
Anísio, na Educação;
Dias Gomes, na encenação;
João Ubaldo e Adonias.

X

Menestrel da cantoria
Temos o mestre Elomar,
Xangai, Wilson Aragão,
Bule-Bule a improvisar,
Roberto Mendes viola
A chula - semba de Angola,
Nosso samba de além-mar.

XI

Se eu fosse citar todos
Que merecem citação,
Faria um livro de nomes
Tão grande é a relação.
Desculpe, Afrânio Peixoto,
Esse doutor é um roto
Procurando promoção!

XII

Com vergonha do que fez:
Insultar toda a Nação,
O tal doutor Natalino
Pediu exoneração
E não encontra ninguém,
Nem um nazista do além,
Para tomar a lição.

XIII

O baiano é pirracento,
Mas paga com bem o mal:
Dá uma chance a Natalino
Lá no Mercado Central
De ganhar alguns trocados
Segurando o pau dobrado
Da corda do berimbau.

terça-feira, 19 de abril de 2011

A Bossa do Gordurinha



Acredito ser oportuno transcrever aqui no Blog o artigo do jornalista, crítico de televisão, rádio, jornal e internet; e DJ Brasileiro Marcelo Janot sobre o relançamento do disco "A Bossa do Gordurinha".

O filé-mignon do Gordurinha
by Marcelo Janot

Não é preciso pertencer a velhas gerações para conhecer a obra do genial compositor baiano Gordurinha embora seja raro achar, entre aqueles com menos de 30 anos, alguém que ao menos tenha ouvido falar nele. É que Gordurinha, mesmo tendo sido um intérprete carismático, ficou famoso mesmo na voz de Jackson do Pandeiro e Gilberto Gil, entre outros:

"Chiclete com banana": Só boto bebop no meu samba/quando o Tio Sam pegar no tamborim/quando ele entender que o samba não é rumba;

"Vendedor de caranguejo": Caranguejo-uçá, caranguejo-uçá/Apanho ele na lama/E boto no meu caçuá/Caranguejo bem gordo é gaiamum/Cada corda de 10 eu dou mais um;

São alguns exemplos de músicas manjadas de seu repertório.

Com o lançamento, dentro da coleção "Anos de Música" (BMG-Charles Gavin), de um de seus melhores discos "A Bossa do Gordurinha" talvez seja possível amenizar um pouco essa injustiça.

Waldeck Artur de Macedo, nascido em Salvador em 1922, entrou para a Rádio Sociedade da Bahia com 16 anos. Era magérrimo, o que lhe valeu a alcunha de Gordurinha, perfeita para quem já mostrava intimidade com o microfone cantando e fazendo humor.

Chegou a cursar medicina, mas largou os estudos para cair na estrada com sua companhia teatral. Embora posteriormente retornasse ao rádio e à música, a opção pelo humor foi prejudicial, na época, ao reconhecimento de seu talento como compositor; quando deveria ter sido justamente ao contrário, uma vez que Gordurinha foi um dos melhores cronistas musicais de seu tempo.

"A Bossa do Gordurinha", lançado em 1962 e penúltimo dos cinco LPs que gravou, é farto em pérolas bem-humoradas. "(Sou filho da Bahia com muita alegria/ Não interessa se o relógio já deu meio-dia)"; são os primeiros versos da primeira faixa Baiano não é palhaço, em que ele usa uma teoria própria para explicar que Juscelino Kubitschek e Leonel Brizola não eram mineiros nem gaúchos, e sim baianos! Por trás do humor, um discurso social engajado sobre o preconceito contra os imigrantes nordestinos (Até parece que estou noutro país/ Vê que piada infeliz inventaram agora/Ajude a manter a casa limpa/ Matando um baiano por hora).

Gordurinha veio para o Rio no início da década de 50, depois de fazer sucesso em rádios do Recife, onde conheceu Jackson do Pandeiro e Genival Lacerda. No Rio, era encarado com uma certa dose de preconceito e deboche, mas venceu se tornando uma celebridade na poderosa Rádio Nacional. Foi quando, paralelamente aos programas humorísticos, pôde exercitar a inata verve musical, gravando excelentes discos.

Suas elaboradas melodias misturavam com talento ritmos regionais, como o coco, o samba e o rojão, com a latinidade da rumba e do cha cha cha, que funcionavam à perfeição com os arranjos de orquestra.

A rumba "É um calo só" é um perfeito exemplar da face cronista do compositor (O feijão subiu, não posso comer feijão/ Condução subiu, não ando de condução/ Estou contando os postes e ninguém tem dó/ De tanto andar a pé, estou com o pé que é um calo só).

Mas o disco "A Bossa de Gordurinha", revela um outro lado seu: três belas e melancólicas letras de amor que caberiam perfeitamente em sambas-canções, mas cujas melodias têm a alegre expressão rítmica do samba tradicional.

Só a letra de "Anestesia pra moral" já vale o disco inteiro: (O meu destino é amargo/ Sem ela minha vida é tristonha/ Mas eu prefiro viver de saudade/ Do que morrer de vergonha/ Atualmente o problema é discernir o bem do mal/ Ou eles pensam/ Que existe anestesia pra moral?).

É que Gordurinha, por trás da couraça de palhaço, era um sujeito de vida sentimental complicada. Curava as feridas do coração com poesia e morfina. A droga (morfina) acabou levando-o à morte precoce, por enfarte, em janeiro de 1969. A poesia sobreviveu.

O CD "A Bossa do Gordurinha" - (1962 -Coleção RCA 100 anos - BMG - 2003)
1. Baiano não é palhaço
2. Não entendi bulufas
3. Amor & cia LTDA
4. De trás pra frente
5. Jamais
6. É um calo só
7. Carta de ABC
8. O problema é seu
9. Quem é você?
10. Anestesia pra moral
11. Sem ninguém
12. Aquarela do morro
Inclui texto de contracapa assinado por Rodrigo Faour

O cantor e compositor baiano Gordurinha (1922-69) começou a carreira nos anos 50, munido de um repertório rico em ritmos nordestinos e letras bem sacadas, carregadas na ironia e na crítica social. O autor de clássicos da MPB, como “Súplica Cearense” , “Vendedor de Caranguejo” e “Chiclete com Banana”, gravou em 1962 um LP com músicas que confirmavam seu estilo irreverente como “Baiano Não É Palhaço” e “Anestesia para a Moral”. Rodrigo Faour

CURIOSIDADE

A BMG comemorou os 100 anos do selo RCA lançando 20 títulos de seu catálogo pela primeira vez em CD. Todos os CDs foram remasterizados a partir dos tapes originais, tem projeto gráfico fiel às capas originais e receberam textos assinados por jornalistas como Tárik de Souza e Mauro Ferreira.

O samba se faz presente com títulos importantíssimos. “Cartola 70 Anos” (1979), tem no repertório o samba-enredo “Ciência e Arte”, o clássico “O Inverno do Meu Tempo”, o drama rural “Feriado na Roça” e “Mesma Estória”, parceria com Elton Medeiros.

Quatro Grandes do Samba” (1977), que traz Nelson Cavaquinho, Candeia, Guilherme de Brito e Elton Medeiros, tem a participação de Dona Ivone Lara em “Sou Mais Samba”, além de “A Flor e o Espinho”, “Gotas de Luar”, “Quando eu me chamar saudade”, “Notícia”, “Expressão do teu olhar”, entre outras.

Os Originais do Samba tem relançado seu “O Samba é a Corda... Os Originais a Caçamba” (1972) que traz os sucessos “Do lado direito da rua Direita”, “Esperanças Perdidas” e “Lá Vem Salgueiro”.

O compositor baiano Gordurinha aparece com seu estilo irreverente em “A Bossa de Gordurinha” (1962).

Ziriguidum no Sambão” (1971) da cantora Carmen Costa traz a “Marcha do Cordão do Bola Preta” e um raro samba sincopado de Luiz Gonzaga “A Mulher do Lino”.

Fruto e Raiz” (1986) foi o título escolhido da cantora Alcione, cujo sucesso se deu devido à canções românticas como “Garoto Maroto” e “O Que Eu Faço Amanhã”.

Essa primeira fase da coleção “RCA – 100 Anos de Música” lançou também: Alaíde Costa, Banda Black Rio, Cassiano, Cauby Peixoto, Cesar Camargo Mariano, Ednardo, Ivan Lins, João Bosco, João Donato, Luiz Gonzaga, Miucha & Tom Jobim, Orlando Silva, Quinteto Ternura e Wilson Simonal.

Os discos chegaram às lojas no início de setembro /2001– e o melhor! – em série econômica.

A segunda fase lançou no mesmo formato em outubro/2001 discos de Aracy de Almeida, Bezerra da Silva, Ciro Monteiro, Dircinha Batista, Jamelão, João Nogueira, Jorge Veiga, Martinho da Vila, Moreira da Silva, entre outros.

FONTE

Samba Choro

Samba Choro