Baiano Burro nasce Morto, por Luiz Wanderley



Luiz Wanderley de Almeida (Colônia de Leopoldina/AL, 27/1/1932 * Rio Tinto/PB, 19/02/1993) foi além de cantor, um compositor brasileiro.

Rock do Sedaka




Começou sua vocação pela música popular brasileira aos l6 anos, quando via e ouvia o sanfoneiro de oito baixos João Luiz, famoso na sua terra natal, tocando no fuá da “Veia Dina”. Entusiasmado com as pancadas dos oito baixos, e inspirado pela originalidade da música nordestina, Luiz Wanderley rumou para o Rio de Janeiro, a fim de tentar a carreira artística.

Na cidade maravilhosa, entre outras coisas, foi também alfaiate, sua verdadeira profissão: entre a vida artística dividia seu tempo em “shows, parques de diversões, etc."Antes de firma-se definitivamente no mundo artístico, Luiz Wanderley passou uma série de dificuldades, até o dia em que o maestro Ubirajara dos Santos, o convidou para crooner de sua orquestra no cabaré Novo México, no bairro da Lapa.

Como crooner, Luiz Wanderley cantava todos os gêneros, sem contudo deixar de interpretar um gostoso côco, baião ou mesmo um samba de breque, pois sendo fã incondicional de Moreira da Silva, gostava de interpretar músicas de seu repertório.

Depois de um ano de permanência na referida orquestra, o próprio maestro Ubirajara dos Santos, levou-o a Radio Tamoio e apresentou-o a Zé Gonzaga, irmão de Luiz Gonzaga, pois que o aproveitasse em seu programa “Salve o Baião”. Dotado de grandes qualidades do gênero nordestino interpretativas, não encontrou obstáculos e foi logo convidado para fazer uma série de programas na referida emissora.

Em l954, o então Carlos da Rocha, levou-o para fazer um teste na Organização Victor Cintra, e entusiasmado com suas interpretações, não vacilou em contratá-lo para uma temporada de 6 meses na Radio Mundial e Mayrink Veiga. No término de se seu contrato no Rio de Janeiro, rumou para São Paulo, onde fixou residência até l958.

Luiz Wanderley atuou nas rádios paulistas, voltou ao Rio de Janeiro para fazer uma série de programas na Rádio Nacional. Viajou constantemente por todo o Brasil, do norte ao sul, o que lhe possibilitou tornar-se um dos mais populares artista do país, pois, em toda cidade que passou deixou no gosto popular um pouquinho da sua arte interpretativa. Luiz Wanderley não foi somente um grande cantor, foi também compositor, inclusive venceu um concurso carnavalesco no Rio de Janeiro.





Fez sua estréia em disco em 1952, pela gravadora Star, cantando o samba "O palhaço chegou", de Rosângela de Almeida e Enso Passos.

Em 1955, gravou pela Polydor o xote "Moça véia", de sua autoria e Portela, e o baião "Pisa mulata", de João do Vale, José Cândido e Ernesto Pires.

Em 1956, gravou ainda na Polydor o baião "Bebap do Ceará", de Catulo de Paula e Carlos Galindo, e o rojão "O segredo da dança", de João do Vale, Onaldo Araújo e Vicente Longo Neto. No mesmo ano atuou na TV Paulista.

Em 1957, gravou o xote "O cheiro de Carolina", de Amorim Roxo e Zé Gonzaga, e o samba "Charuto brabo", de Talismã e Agenor de Souza e Silva. No mesmo ano gravou o samba "Iracema", de Adoniran Barbosa. Em 1958 fez sucesso com "Forró em Catumbi".

Em 1959, transferiu-se para a gravadora Chantecler, onde gravou no mesmo ano o baião "Boi na cajarana", da dupla Venâncio e Corumba, o coco "Matuto transviado", parceria com João do Vale, e o hoje clássico "Baiano burro nasce morto", de Gordurinha, obtendo grande sucesso com todas as três. Gravou ainda, da dupla Venâncio e Corumba, o forró "Piada de papagaio" e o foxtrote "Paulificante".



No disco “Baiano Burro Nasce Morto”, destaque para a música Baiano Burro Nasce Morto, composição de Gordurinha que dá título ao disco; e também “Bode Cheiroso” e “Matuto Transviado” ambas composta Luiz Wanderley, esta última gravada também por Tim Maia.

Neste mesmo ano, o compositor Gordurinha já era sucesso com a música Chiclete com Banana. E continuou em evidência com “Baiano Burro Nasce Morto”, baião que inicia o disco e “Cadeia da Vila”, outra composição de Gordurinha, que termina o bolachão de Luiz Wanderley.

Segundo Roberto Torres na obra "Gordurinha: Baiano Burro Nasce Morto" (2ª ed. 2009) a música “Baiano Burro Nasce Morto” foi gravada por Gordurinha, mas ficou mais conhecida na voz do cantor alagoano Luiz Wanderley, que alcançou instantâneo e retumbante sucesso no país inteiro.

"Baiano Burro Nasce Morto, certamente não é - mesmo que possa parecer - uma simples canção humorística. Ultrapassando o seu sentido musical, ela transformou-se numa seta que atingiu de cheio o alvo dos preconceitos a que eram - e ainda são - submetidos os imigrantes nordestinos que viviam nas principais metrópoles do país: Rio de Janeiro e São Paulo", afirma Roberto Torres (pg 67).

E ainda observa: "E foi justamente por este motivo, que - ao ser lançada - “Baiano Burro Nasce Morto” pegou por inteiro, de surpresa o país. Até então, nunca na música brasileira uma voz nordestina - nem mesmo a do Rei do Baião - havia se sublevado neste sentido para defender a dignidade e auto-estima de seu povo com tanta autoridade."

"O sucesso espetacular de “Baiano Burro Nasce Morto” fez a carreira de Gordurinha transbordar as comportas musicais, e se alargar - também - pelo campo da sétima arte. Alcançando a grande tela em 1959, Gordurinha aparece ao lado de Mário Tupinambá cantando “Baiano Burro Nasce Morto”, na comédia musical de Eurídes Ramos, lançada pela Atlântida Cinematográfica, Titio não é Sopa", conclui Roberto Torres (pg. 68-69).





Em “Trabalhadores do Brasil” composição de Luiz Wanderley, o autor faz uma verdadeira apologia ao Presidente Getúlio Vargas, considerado o pai dos pobres e protetores dos trabalhadores, Getúlio tinha ainda um grande apreço nos meios artísticos. Este é um dos melhores trabalhos deste alagoano que as novas gerações precisam conhecer e os novos artistas regravarem obras primas que Luiz Wanderley eternizou na vida musical brasileira.



Luiz Wanderley – Baiano Burro Nasce Morto
Chantecler – CMS 2.8570

1. Baiano Burro Nasce Morto (Gordurinha}
02. Moça Velha (Luiz Wanderley – J. Portela)
03. Que Vontade de Cume Goiaba (José Ramos)
04. Por Onde Deus Passa (Rômulo “Paes - Rubens Silva)
05. Moisés da Prestação (Cícero Nunes)
06. Bode Cheiroso (Elias Soares – M. Fernandes)
07. Trabalhadores do Brasil (Luiz Wanderley – Barbosa da Silva)
08. Matuto Transviado (Luiz Wanderley – João Vale)
09. Boi na Cajarana – (Venâncio - Corumbá)
10. Chora Menino (Barbosa da Silva)
11. Rosário de Amargura (Luiz Wanderley - Ary Monteiro)
12. Cadeia da Vila (Gordurinha)






Para baixar esse disco, Clique aqui.

Em 1960, gravou de sua autoria e Elias Soares o baião "Mineiro sabido" e de sua autoria o batuque "Padroeira do Brasil".

Em 1961, passou a gravar na RCA Victor, onde registrou a marcha "Marcha do berimbau", de sua autoria e Sebastião Nunes, e o samba "Não acredito em ninguém", de sua autoria, William Duba e Aldacir Louro. Gravou também no mesmo ano o chá-chá-chá "Rei Pelé", de sua autoria, Wilson Batista e Jorge de Castro.

Em 1962, gravou os boleros "Amarga solidão", de sua autoria, e "Me leva contigo", em parceria com Luís de Carvalho.

Em 1963, gravou pela Philips "Número um", de Benedito Lacerda e Mário Lago, e "Coronel Limoeiro", dele e Romário Vanderley.

Como compositor, um de seus principais parceiros foi Elias Soares, com quem compôs, entre outras, os xotes "A sopinha do Zarur" e "O cozido do papai" e a marcha "A marcha do Chacrinha".

Em 1967 lançou pela Polydor o LP "Moço velho", um dos mais vendidos naquele ano.

Em 1970, Tim Maia regravou com grande sucesso o baião "Matuto transviado", também conhecido como "Coronel Antônio Bento".

Luiz Wanderley participou de dois filmes nacionais, intitulados: "Vai que é mole", pela Herbert Richers, e "Só naquela base", ambos de 1960. Participaram com ele, Jô Soares, Otelo Zeloni, Renata Fronzi, Dercy Gonçalves, Renato Lupo, Grande Otelo, Ankito e outros mais, famosos da época.

Sinopse: Vai que é mole - Macio, Brancura e Bolinha são três ladrões que saem da cadeia e logo são contatados pelo chefe Dureza para planejarem novos golpes. Maysa, a namorada de Brancura, quer que ele pare com a vida criminosa. As coisas ficam ainda mais complicadas quando Brancura recebe uma carta de sua tia, já falecida, dizendo que ela enviou seu filho José Maria para cuidar. Depois que Macio e Brancura devolvem para uma dançarina a bolsa que roubaram dela, são chamados para participarem de um programa de televisão que enaltecerá a "honestidade" dos dois, causando muita confusão pois tanto seus comparsas como a polícia sabem dos roubos que eles cometeram no passado. Número musical com Virgína Lane, a grande estrela da época.

Elenco: Ankito ... Macio; Grande Otelo ... Brancura; Renata Fronzi ... Reporter; Anilza Leoni ... Léa; Renato Restier ... Padre; Aurélio Teixeira ... Dureza; Otelo Zeloni ... Gianini; Pedro Dias ... Doctor; Armando Ferreira ... Comendador; Jô Soares ... Bolinha; Carlos Imperial ... Pé de Cabra; Carlos Costa ... Mordomo; Maria Augusta ... Maysa; Aurino Cassiano ... Zé Maria; Mercedes Batista; Hugo Brando; Billy Davis; Virgínia Lane; Luiz Wanderley.

Filme: Só naquela base -Produzido por Arnaldo Zonari, Ronaldo Lupo, e Jarbas Barbosa, "Só Naquela Base» 1960 é uma comédia - filme dirigido por Ronaldo Lupo, Liana Duval estrelado, Luiz Wanderley, Rosangela Maldonado, Dercy Gonçalves, Grijó Sobrinho e escrito por Chico Anysio, e Saint Clair Sena.


Aqui o Luiz Wanderley me lembrou muito o Mr. Bean

Mr. Bean tocando Bateria Invisível



Mr. Bean é um personagem cômico, de típico humor britânico, criado pelo ator Rowan Atkinson.

FONTE

Forró Alagoano

Memória da MPB

Comentários

Anônimo disse…
Amei saber um pouco mais da vida de meu tio Luiz
parabens pela iniciativa!
Flavia Alessandra Tristão de almeida (filha de Romario Wanderley)
flavia almeida disse…
Amei saber um pouco mais da vida de meu tio Luiz
parabens pela iniciativa!
Flavia Alessandra Tristão de almeida (filha de Romario Wanderley)
GORDURINHA NETO disse…
flavia ,fiqeui honrado com sua participação,muito obrigado ,seu tio e meu avo eram muito amigos ,espero mantermos contato
waldeckitaipu@hotmail.com

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