quinta-feira, 26 de maio de 2011

Gordurinha no Álbum Idolos do Rádio e da Tv

Hoje destaco aqui, o Álbum Idolos do Rádio e da Tv - álbum para colecionar figurinhas - lançado em 1960 pela Editora Vecchi (editora brasileira fundada em 1913 por uma família de descententes de italianos, os Vecchi) as figurinhas traziam a fotografia de cantores e atores brasileiros como Gordurinha e também nomes como: Ângela Maria, Chacrinha, Vicente Celestino, Linda Batista, Norma Suely, Jorge Murad, Carlos Augusto, Orlando Dias...

Waldeck Artur de Macêdo, o Gordurinha está bem ali entre as dezesseis figurinhas da página(note que o espaço de Os Cariocas é preenchido por duas figurinhas). Lembrando que a tiragem era trimestral e que cada álbum trazia de 240 a 255 figurinhas, neste, a figurinha do Gordurinha é a de nº 128.

O passatempo de colecionar Álbuns de Figurinhas fez parte das brincadeiras de meninos e meninas de todas as idades da década de 50, 60, 70, 80... hábito ainda cultivado por alguns e parte da memória afetiva de tantos outros que lembram com saudades de quando iam "dia sim e o outro também" ao mercado para comprar pacotinhos (booster stickers) e mais pacotinhos de figurinhas para preencherem seus álbuns...

Os pacotinhos traziam 03 , 04 ou até 05 figurinhas aleatórias. O problema com as indesejadas figurinhas repetidas era resolvido trocando as tais com outros colecionadores, ou usando-as para jogar o “bafo” com os amigos, mesmo.

Atualmente estas raridades, álbuns e figurinhas, ocupam baús que ainda abrigam guardados de familiares e amigos que vivenciaram a Época de Ouro das Coleções de Álbuns de Figurinhas; outras compõem o acervo de colecionadores, bibliotecas e sebos...

Você sabia que em 1999, surgiu na Feira dos Colecionadores do Rio de Janeiro os primeiros resultados de uma pesquisa iconográfica, que se estendeu até o ano de 2000, produzindo um total de 12 volumes intitulados Álbuns de Capas, em edição de Nilo Sérgio de Oliveira e Alberto Moreira?

Essa idéia singular preencheu a curiosidade de muitos, que conhecendo o título dos álbuns nunca haviam visto as suas capas. Cada volume da série “Álbuns de Capa” tem uma média de 60 capas de álbuns das mais variadas editoras, que atuaram no Rio de Janeiro no século XX. O Prof. Nilo, considerado um dos maiores colecionadores de figurinhas, ajudou muita gente a dar os primeiros passos neste fascinante hobby cultural.

Fonte
BrasilCult
BrasilCult Idolos do Rádio e da TV

sábado, 14 de maio de 2011

Oróra Analfabeta, por Zé Alexandre

Magnifica interpretação do cantor Zé Alexandre dos sambas-de-breque "Oróra Analfabeta", de Gordurinha e Nascimento Gomes e "Festival de Bolachada", de Gordurinha - no álbum Zé Alexandre ao vivo - 1999 - CD INDEPENDENTE. Em 1999, Zé Alexandre (José Alexandre Gomes Coelho da Rocha e Silva) lançou seu primeiro CD "Zé Alexandre ao vivo", produzido com o ator e diretor de teatro, cinema e televisão, Roberto Bomtempo.

1. REVANCHE (Lobão - Bernardo Vilhena) 04:18
2. ORORA ARNAFABETA...FESTIVAL DE BOLACHADA (Gordurinha - B.M.Gomes) 03:58 [sic]
3. VENTOS DE PALMARES (Zé Alexandre) 04:11
4. NÃO DIGA NUM BLUES (Zé Alexandre - Mongol) 04:24
5. VOCÊ SE PARECE COM TODO MUNDO (Cazuza - Frejat) 03:41
6. CINE ROYAL DE INHAÚMA (Zé Alexandre) 03:32
7. É RUIM DE PEGAR COM A MÃO (Zé Alexandre) 04:07
8. CASINHA BRANCA (Gilson - Joram) 04:24
9. BLACK IS BEAUTIFUL (Marcos Vale - Paulo Sérgio Valle) 05:14
10. MORA NA FILOSOFIA (Monsueto - A. Pessoa) 02:26
11. CANÇÃO PRA INGLÊS VER (Lamartine Babo) 03:06
12. COMO SE ESTIVESSE FORA (Oswaldo Montenegro - Mongol) 01:55
13. SEM PRESSA (Zé Alexandre) 05:15
14. VELHAS ESTRADAS (Zé Alexandre) 04:05

Oróra Analfabeta
Gordurinha e Nascimento Gomes






Olha, que eu conheci
uma dona boa lá em Cascadura
grande criatura
mas não sabia ler
e nem tampouco escrever
Mas ela é bonitona,
bem feita de corpo e cheia da nota
mas escreve gato com "J",
escreve saudade com "C"
pra você ver...
Ela me disse outro dia,
que estava doente,
sofrendo do "estrombo"
vixe, quase levei um tombo,
caí durinho pra trás
ela fala "Aribu",
"arioprano" e "motocicreta"
e diz que adora feijoada "compreta"
ela é errada demais...
vi uma letra "O"
bordada em sua blusa,
eu disse é agora
perguntei seu nome
ela me disse " Orora "
eu sou filha do "Arineu"
mas o azar é todo meu...

Festival de Bolachada
Gordurinha

Eu outro dia passeando em Madureira
caí na asneira de dizer uns "psilones"
a uma dona muito bem aparentada
mas a danada pôs a boca no trombone
chamou o guarda e contou tanta mentira
e o pior é que o guarda acreditou
meu deu uma bolacha quarta-feira às cinco horas
eu tô levantando agora, a enfermeira me chamou
juro por Deus que nunca mais em minha vida
fazer gracinhas pela rua eu vou
mulher bonita se passar eu viro a cara
podem dizer que eu tô até borocoxô
aquele guarda me deixou complexado
se bobear um dia eu vou virar mulher
meu camarada, se eu gostasse de bolacha
comprava uma caixa de um biscoito qualquer
Eu outro dia, sem querer no cais do porto
pra olhar um morto eu desci do lotação
num instantinho vi dois caras parecidos
e pela farda acho que era o Cosme e Damião
e num instante eu já estava no distrito
me deram um bico que eu fiquei sem ouvir direito
que coisa chata foi servir de testemunha
me arrancaram a unha do dedão do pé direito
me bateram tanto que eu fiquei abilolado
me enfiaram um prego no buraco do nariz
pra me ver livre dos carinhos do delega
eu fui obrigado a confessar o que eu não fiz
e eu confessei que no ano de mil e quinhentos
no dia vinte de dois de abril
o Pedro Álvares Cabral era inocente
fui eu quem descobriu o Brasil
eu confessei que matei o Tiradentes
que sou culpado no estouro do Guandú
paguei uma multa de cinquenta mil cruizeiros
e fui à pé pra minha casa em Bangu...
e muito jururú...

Fonte

site oficial - Zé Alexandre

sábado, 7 de maio de 2011

Pra Você Mamãe: "Poema dos Cabelos Brancos"

A música "Poema dos Cabelos Brancos", de Gordurinha, em homenagem a sua Mãe diz assim: "[...] Não há neste mundo uma jóia igual para mim [...]".





Poema dos Cabelos Brancos
Gordurinha


Quando aprendi a falar chamei seu nome. Não me lembro, mas tenho certeza que isto aconteceu. Mamãe, toda a pureza do universo está simbolizada na brancura dos seus cabelos. Esta neve de bondade, este algodão de santidade, minha mãe. (parte falada)

Mamãe, seus cabelos são lindos
Branquinhos de trabalho que eu dei
Mamãe, você enfrentava sorrindo
Problemas que o papai lhe deixou, eu sei
Mamãe os seus olhos são claros
Talvez de chorar tanto tanto
Quero beijar seus cabelos mamãe
Quero enxugar o seu pranto

Quando eu faltava a escola você me batia
Depois chorava num canto com pena de mim
Mamãe voce é uma santa, o papai já dizia
Não há neste mundo outra jóia igual para mim
Mamãe se você hoje chora é de alegria
A vida mudou mais você ainda é um encanto
Quero beijar seus cabelos mamãe
Quero enxugar o seu pranto

"Poema dos Cabelos Brancos" foi gravada por Ary Lobo no LP Uma Prece Para Os Homens Sem Deus. A cantora Carmen Silva também gravou a música no LP homônimo lançado em 1977, como: Poema Dos Cabelos Brancos (Tesouro Da Minha Vida) de Gordurinha. O álbum A Confraria Do Gordurinha também trouxe "Poema dos Cabelos Brancos", na interpretação de Marta Millani.

Chiclete Com Banana - Monica Salmaso, Osesp e Banda Mantiqueira








Chiclete Com Banana
Mônica Salmaso - Orquestra Sinfônica Do Estado De São Paulo
- Banda Mantiqueira
Compositor: Gordurinha e Almira Castilho

ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO:
- JOHN NESCHLING
- BANDA MANTIQUEIRA
- MÔNICA SALMASO

Este terceiro encontro da OSESP com a Banda Mantiqueira marcou a estréia da cantora Mônica Salmaso no grupo. Os resultados anteriores foram tão significativos (a OSESP só com a Mantiqueira, em 2002 e o segundo, em 2004, com a convidada especial Luciana Souza) que o maestro John Neschling decidiu presentear o público da Sala São Paulo, em dezembro de 2006, com mais um momento de descontração antes das férias.

O concerto, com um repertório que viaja pela MPB, com músicas de alguns dos nossos maiores compositores (Gordurinha, Chico Buarque, Tom Jobim, Noel Rosa, Edu Lobo, Caetano Veloso, João Donato, João Bosco, Tom Zé, entre outros, além da inclusão do tango Uno (Mariano Moraes/Henrique Santos Discepolo), ganhou arranjos especiais para a ocasião e está sendo lançado pela gravadora Biscoito Fino - selo Biscoito Clássico - parceria com a OSESP já com belos frutos.

Desde o primeiro concerto, o maestro John Neschling diz ter encontrado a parceria ideal para este projeto: a Banda Mantiqueira, criada por Nailor Azevedo (o Proveta), extraordinário arranjador e clarinetista. Proveta reuniu a fina flor dos instrumentistas de várias regiões do país, todos ansiosos por uma linguagem que expressasse a brasilidade na forma de interpretar a música.

Conseguiu formar uma verdadeira big band brasileira, com raízes nas big bands norte-americanas que cultuavam Miles Davis, Louis Armstrong, Charlie Parker e outros mestres do jazz. A união da Mantiqueira com a excelência da OSESP, dirigida por John Neschling, só podia dar certo. Neste CD, entra todo o lirismo da voz de Mônica Salmaso, intérprete ideal para este sofisticado repertório da música brasileira.

Pelos arranjos de craques como Laércio de Freitas (A Rã), Proveta (Beatriz e Vovô Manuel), Nelson Ayres (Uno), Edson Alves (Conversa de Botequim), André Mehmari (Eu te Amo), Alexandre Mihanovich (Beijo Partido), Chiquinho de Moraes (Menina, Amanhã de Manhã) e Roberto Sion (Chiclete com Banana), chega-se, sem dúvida, à constatação que a música popular e a música erudita estão muito mais próximas do que parece.

Faixas
01 A rã (João Donato / Caetano Veloso) 4m09s
02 Beatriz (Edu Lobo / Chico Buarque) 6m51s
03 Uno (Mariano Mores / Henrique Santos Discepolo) 5m37s
04 Conversa de Botequim (Noel Rosa / Vadico) 3m55s
05 Eu Te Amo (Tom Jobim / Chico Buarque) 7m59s
06 Beijo Partido (Toninho Horta) 6m44s
07 Linha de Passe (João Bosco, Paulo Emilio / Aldir Blanc) 7m18s
08 Menina, amanhã de manhã (Zé / Perna) 7m56s
09 Apanhei-te Cavaquinho (Ernesto Nazareth) 4m05s
10 Vovô Manoel (Nailor Azevedo - Proveta) 14m51s
11 Chiclete Com Banana (Almira Castilho / Gordurinha) 5m44s

Ficha Técnica

REALIZAÇÃO BISCOITO FINO

Direção Geral: Kati Almeida Braga
Direção Artística: Olivia Hime
Gerência de Produção: Pedro Seiler
Assistente de Produção: Renata Mader

FONTE

BISCOITO FINO


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Gordurinha eternizou a expressão samba-rock

A Revista IstoÉ
N° Edição: 1662
De 08 de Agosto de 2001 -
publicou a matéria Os alquimistas estão chegando, onde relembra que o verbete samba-rock surgiu na música Chiclete com Banana, de Gordurinha e Almira Castilho.

Gordurinha - Chiclete com Banana


Os alquimistas estão chegando...

Calcado na batida inventada por Jorge Ben, nos anos 60, o samba-rock conquista os jovens, recupera antigos artistas, lança novos nomes e se torna um fenômeno nos clubes noturnos...

Autor de achados como Baiano burro nasce morto, o compositor Waldeck Artur de Macedo, mais conhecido como Gordurinha, foi um debochado com pedigree de inteligência, só que nunca levado muito a sério. Mas, aos olhos atuais, ele pode ser considerado um visionário. Em 1959, numa parceria com Almira Castilho, eternizou a expressão samba-rock na clássica Chiclete com banana, imortalizada na ginga de Jackson do Pandeiro.

Há mais de 40 anos, portanto, em seu delírio profético Gordurinha antecipava o encontro da malandragem do samba com o balanço do rock americano. Uma verdade que só foi acontecer de fato no final dos anos 60, quando Jorge Ben – hoje Jorge Ben Jor – com seu violão magnético se uniu aos integrantes do Trio Mocotó e seu vanguardista naipe percussivo. Nasceu dali uma música cheia de bossa e suingue. Um samba aditivado por letras ingênuas e refrões grudentos, que davam o perfeito sustento à batida genial e inconfundível de Jorge Ben.

Três décadas depois, o samba-rock está de volta – calcado exatamente nas suas origens –, ressuscitando antigos artistas, formando outros tantos e, acima de tudo, fazendo a moçada sedenta por novidades redescobrir o prazer de dançar junto.

A maior prova do fôlego do “novo” fenômeno musical aconteceu no concorrido lançamento do álbum Swing & samba-rock, do guitarrista e cantor Marco Mattoli e seu grupo Clube do Balanço, no domingo 29, no paulistano Blen Blen Club, que naquela noite bateu recorde de público.

Mattoli está entre os expoentes da nova geração, em sintonia com o gênero que volta à ribalta através de uma trajetória curiosa. Quem primeiro pinçou os clássicos superbalançados de Jorge Ben foram os DJs, que faziam – e ainda fazem – ferver as pistas de casas noturnas como Jive e Grazie a Dio, ambas em São Paulo. Como resultado, a onda desencadeou uma busca pelos antigos vinis, hoje disputados a preço de ouro, gravados por gente como Bebeto, Marku Ribas ou Luís Wagner.

Atentas à mínima movimentação, principalmente as que não impliquem grandes investimentos, as gravadoras começam a tirar do baú o som cultuado. A Universal Music, por exemplo, num projeto do titã Charles Gavin, acaba de relançar em CD quatro antigos LPs de Jorge Ben, entre os quais África Brasil, de 1976, considerado um clássico do gênero.

O DJ paulistano Rodrigo Furtado Hernandez, 26 anos, o craque dos toca-dicos do Grazie a Dio, por reverência até abdicou da vaidade típica de criar sons ao vivo. “Quando toco samba-rock, não me considero mais um DJ, e sim um bailero. Não interfiro em quase nada.

Na pista, é difícil não se entregar ao balanço das músicas, apesar de os iniciados, de certa forma, promoverem a timidez dos sem-cintura com passos supercoreografados. Diante da avidez da frequência, Hernandez foi obrigado a garimpar em sebos e feiras de antiguidades vinis antigos e compilações piratas feitas em CD especialmente para abastecer a Europa, onde a onda com sabor cult leva a rapaziada ao delírio. Em Londres, por exemplo, as noites batizadas de Bat Macumba são o maior sucesso.

Mercado – Novos discos, contudo, começam a suprir a efervescência do mercado. Neste mês, chega às lojas o trabalho que marca a volta do Trio Mocotó – formado por João Parahyba, Nereu Gargalo e Luiz Carlos Fritz –, depois de 28 anos sem atividade. Não por acaso, o CD chama-se SambaRock. Contraditoriamente, Parahyba, líder do Trio Mocotó, considera pobre a definição. “Nós não tocávamos nem samba, nem rock, nem bossa-nova, era algo meio torto”, define. “Fazíamos uma música balançada e alegre que nasceu de uma situação casual. Não quero ser inventor de nada”, desabafa.

SambaRock, o disco, faz jus ao caráter de celebração, acrescido de algumas modernidades. A faixa Krioula, por exemplo, espécie de emblema do gênero, ganhou um revestimento eletrônico de fundo, traço vindo da fase na qual Parahyba teve como parceiro mais constante o produtor iugoslavo radicado no Brasil, Mita Subotic, o Suba, morto em 1999. Mas o humor e o descompromisso nas letras foram preservados.

Enquanto a movimentação musical recoloca veteranos na trilha dos bailes, há gente nova ocupando espaço. O paulistano Marco Mattoli, 36 anos, vem sendo apontado como um dos responsáveis por remover o limo que encobria o samba-rock, principalmente entre a classe média consumidora de discos. “Samba-rock tem que soar clássico, o fino, não pode soar moderno. Em samba não existe novidade, existe raridade”, afirma Mattoli. Antes de subir no palco do Blen Blen Club, ele percorreu os salões da periferia paulistana organizando festas na Cohab Itaquera, um dos poucos lugares onde o estilo se manteve vivo.

O DJ paulista Cláudio Luís da Costa, 45 anos, que conduz noites no Jive e no Blen Blen, também chegou a frequentar vários desses encontros. “Tem bastante gente que antes curtia rap e agora passou a gostar do samba-rock. É bom porque abre a cabeça da moçada da periferia, que sai da droga, esquece a vida dura.

Nos bairros de classe média, onde se localizam os clubes-residência deste tipo de som, já se vê uma perfeita integração racial, com gatinhas neo-hippies junto a negras belíssimas, a maioria dentro de um visual anos 70, e rapazes cheios de intenção e vergonha por não saber dançar.

Como todo movimento, o samba-rock também elegeu sua musa. Ela é a paulistana Paula Lima, 30 anos, cantora que despontou no grupo Funk Como Le Gusta e recentemente se lançou na carreira solo com o álbum É isso aí. “A moçada está achando que se trata de um ritmo novo, que caiu no gosto popular pela propaganda boca a boca. É uma música sofisticada, mas não é cabeça. É o fim do cinismo e da burocracia na música brasileira”, diz ela, que tomou gosto pelo balanço na adolescência, frequentando os bailes black do Chic Show.

Num embalo completamente diferente, o guitarrista, percussionista e cantor carioca Seu Jorge, 30 anos – ex-integrante do grupo Farofa Carioca, que está estreando na carreira solo com o disco Samba esporte fino –, descobriu os encantos da música no teatro amador, depois de ter purgado um período como morador de rua.

Seu Jorge não faz exatamente samba-rock. Mas, como na luta pela fama vale tudo, ele tratou de se enturmar. Basta ouvir a faixa Carolina, inspirada no balanço Jorge Ben. Este, por sinal, até o momento não abriu a boca para se manifestar. Mesmo porque apenas reconhecimento não aumenta o saldo bancário de ninguém.

A batucada brasileira do Tio Sam
Marina Caruso

O gingado dos braços lembra o velho jeito rock’n’roll de sacolejar. Enquanto os rodopios se assemelham ao suingue, que marcou a geração dos anos 40. As pernas, no entanto, pouco têm a ver com os ritmos americanizados porque para acompanhar a febre que traz de volta aos clubes noturnos o hábito de dançar junto é preciso muito samba no pé.

Em São Paulo, esta habilidade marca a principal diferença entre os vários adeptos do samba-rock. Negros esnobam agilidade nas coreografias dançadas a dois, a três, misturando ou não pessoas do mesmo sexo, sem nenhum problema. Importante é se divertir dando mini-shows nas pistas. Quanto aos brancos, chamados de “pernas-de-pau”, resta o tortuoso aprendizado empírico ou então ficar na mera condição de espectador.

Não foi à toa que o número de pessoas à procura de aulas de samba-rock cresceu expressivamente, como explica o instrutor Inácio de Souza Júnior, conhecido como Moskito no circuito do samba. “Os negros estão dominando as pistas da classe média. Quem não sabe dançar fica intimidado, por isso procura aprender”, explica ele.

Desde que começou a dar aulas do gênero na periferia, em 1996, Moskito viu seu número de alunos pular de 14 para 150 depois da nova onda. Acompanhado da parceira Andréa Santos, ele ensina os interessados nas próprias casas noturnas que tocam samba-rock.

Nos paulistanos Blen Blen e Avenida Club, quem desembolsar R$ 5 a mais no valor da entrada tem direito a uma hora de aula com a dupla, antes de as pistas ferverem. O providencial empurrão tem ajudado a crescer o número de fiéis do ritmo.

Mas são os decanos que ainda reinam absolutos. A operadora de telemarketing Mayra Alves, 22 anos, e o estudante de música Nelson Neto, 24, cresceram escutando samba-rock em suas casas e dançando nos salões da periferia. Hoje, consideram positiva a invasão do gênero nos clubes da classe média. “Agora, podemos frequentar todas as pistas de dança da cidade e ouvir o tipo de música de que mais gostamos”, pondera Nelson, habitué do Blen Blen e do Consulado da Cerveja, casa do pagodeiro Netinho, ex-integrante do Negritude Jr., na zona norte de São Paulo, que começa a aderir com força total ao renovado balanço.

FONTE
Revista IstoÉ
4Shared

Poeira de Morte

Pedro e Paulo - Poeira do Norte











Esta música composição de Florentino Coelho e Eloide Warthon foi gravada por Gordurinha com o nome de "Poeira de Morte".












Tá vendo essa roupa cáqui
Ela é branca meu patrão
Acontece que eu vim de longe
Em cima de um caminhão
E a poeira é de morte
Naquela estrada do Norte
Tem dó de mim meu patrão
E vê se ajuda o teu irmão

Eu quero trabalhar o dia inteiro,
Nem que seja pra ganhar um tostão
Eu já não posso mais
E voltar para trás
Eu não quero não

Chega de viver torrado
pelo sol malvado
Que só quer matar
Chega de saber que a fome
É direito do homem
Que não quer roubar

Doutor o que me traz aqui
Não é me divertir
Nem ver o carnaval
Apesar do que sofri no Norte
Sou caboclo forte
Quero trabalhar

Gravação: Gordurinha
Disco: Mamãe! Estou Agradando
Gravadora: Continental
Ano: 1961
01. Bossa quase nova (Gordurinha)
02. Súplica cearense (Gordurinha / Nelinho)
03. Tô doido pra ficar maluco (Rodrigues da Silva / Ataide Pereira)
04. Poeira de morte (Florentino Coelho / Eloide Warthon)
05. Na marca do penalty (Erasmo Silva)
06. Não sou de nada (Gordurinha / Valter Silva)
07. Passe ontem (Umberto Silva / Luis Mergulhão)
08. Eu preciso namorar (Gordurinha)
09. Meio termo (Gordurinha)
10. Calouro teimoso (Gordurinha / Nelinho)
11. Quando os baianos se encontram (Oscar Bellandi)
12. O marido da vedete (Gordurinha)